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Isto é bioarquitetura

Com custo total estimado em R$ 1,8 mil por m², esta casa de praia comprova a viabilidade de um novo sistema construtivo modular, sustentável e econômico

Por Deborah Apsan (visual) e Marianne Wenzel (texto)
Atualizado em 9 set 2021, 11h33 - Publicado em 5 mar 2018, 13h00

Só de ouvir falar o termo bioarquitetura, muita gente já se imagina tendo que participar de um mutirão para erguer sua casa numa ecovila e abrindo mão de hábitos tão automáticos quanto o gesto de dar descarga. Se tudo isso procede – pois a construção comunitária e o banheiro seco são realidades nesse jeito de habitar –, não necessariamente exclui aqueles que buscam apenas uma obra rápida, com tecnologias sustentáveis incorporadas a um projeto acessível e com bom acabamento.

O vão entre a construção e o solo acomoda equipamentos volumosos, como a cisterna de 5 mil litros para água pluvial e o biodigestor de 1,3 mil litros que trata o esgoto. (Cacá Batke/Divulgação)

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Foi esse o nicho encontrado pelas jovens profissionais Elena Caldini e Marina Matulja, que se uniram ao colega Marcelo Bueno, bioarquiteto com 13 anos de experiência, para fundar a Casa de Terra, cujo primeiro fruto é o refúgio de 93 m² mostrado nesta reportagem.

Assim como toda a estrutura, o assoalho emprega pínus (ST Wood). As esquadrias, também de madeira reflorestada, são modelos pré-fabricados (Construcenter). O balcão de peroba, não incluso no sistema, faz a divisão entre a sala e a cozinha. Móveis e luminária da Mar Cenário, tapete da Artiz, cerâmicas sobre a bancada do Ateliê do Zé. (Cacá Bratke/Divulgação)

 

Trata-se de um protótipo localizado em Ubatuba, no litoral paulista, no qual a equipe testou e aprovou seu método próprio. O sistema modular oferece outros quatro modelos prontos entre 45 e 67 m², apostando na ideia de que mais vale morar num espaço pequeno, prático e bem desenhado do que numa casa cheia de ambientes ociosos e difíceis de manter.

Bem acima da cozinha, o pé-direito de 4,80 m comporta um mezanino – cuja medida também respeita a modulação do sistema. Ele pode servir como terceiro quarto ou escritório, como aqui. Banqueta da Mar Cenário. (Cacá Bratke/Divulgação)

“Por enquanto, tivemos apenas procura para encomendas na praia ou no campo, mas o conceito se adapta à cidade também”, explica Elena. Nessa fórmula é possível definir como será sua morada dentro de alguns parâmetros preestabelecidos e há alguns itens opcionais.

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Em alguns trechos, como este, adicionou-se pigmento extra à última camada do acabamento da parede. (Cacá Bratke/Divulgação)

O trio, juntamente com o mestre Ezequias Libório, se responsabiliza pela construção, coordenando as três equipes que se sucedem nos trabalhos: madeiramento/telhado, instalações e acabamento. “Cada time só começa quando todo o material daquela fase está no canteiro”, fala a arquiteta. “Tal logística é fundamental para cumprirmos os prazos prometidos.”

No ambiente destinado ao segundo quarto, a casa-protótipo montou uma sala de jantar. Seja qual for o uso, o cômodo se beneficia das aberturas na quina e da iluminação natural potencializada pelo painel superior de vidro. (Cacá Bratke/Divulgação)

A iniciativa já chamou a atenção de uma empresa aceleradora de propostas sustentáveis, mas o Casa de Terra pretende continuar pequeno, pelo menos por ora. “Queremos tocar tudo de perto, colocar a mão na massa”, diz Elena. E quem busca algo mais personalizado? “Atendemos também, mas o preço muda”, ressalta ela. Os valores, no entanto, permanecem os mesmos: uma casa com uso consciente e sustentável dos recursos.

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