Cobertura em Ipanema com vocação para galeria de arte
Neste apartamento, paredes curvas desenham um bloco escultural de madeira e telas metálicas revestem teto e paredes
Por Simone Raitzik
Atualizado em 9 set 2021, 12h19 - Publicado em 30 nov 2017, 17h14
Quando o arquiteto Sebastian Gomez ouviu as ideias do proprietário para a reforma desta cobertura, em Ipanema, no Rio de Janeiro, percebeu que o projeto a ser executado fugiria completamente dos padrões.
Pai de duas filhas pequenas, psicanalista e colecionador de arte, o dono do imóvel fez questão de deixar claro que queria algo novo, irreverente, com materiais industriais aparentes e uma configuração adaptada a sua rotina pouco convencional.
“Ele me deu carta branca para quebrar todas as paredes e redesenhar a planta. O importante era que ela fizesse sentido para o seu estilo de vida, com poucos móveis, espaços livres, integração e muita área para expor quadros”, conta Sebastian.
Dividida em dois pavimentos de 115 metros quadrados e 118 metros quadrados, a cobertura tinha a parte dos quartos no piso inferior, assim como cozinha e escritório.
Em cima, onde fica a entrada principal, o amplo ambiente ligado à área externa deveria se tornar uma sala de estar minimalista, com jeito de galeria.
O primeiro passo foi definir os materiais. No segundo andar, a fim de manter o pé-direito com 2,78 m, a proposta passou por pintar a laje de preto e aplicar por cima camadas de tela metálica, disfarçando as vigas e tubulações aparentes.
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“Ele adorou essa textura, de custo reduzido e efeito impactante. Acabamos repetindo a trama no guarda-corpo e no terraço”, explica Sebastian.
Para reforçar a veia artística do local, o arquiteto propôs um bloco curvo de madeira envolvendo a caixa do elevador e o hall de entrada, no segundo piso. Esse elemento central funciona como escultura e engloba ainda o lavabo.
“Desenhei no piso o formato que essa estrutura teria para ver a área a ser ocupada. É uma parede biombo, orgânica, em contraste com a frieza da tela metálica e do piso cimentado.”
Embaixo, a suíte do casal seguiu linguagem similar e ganhou um banheiro posicionado como um contêiner, caixa cercada pela mesma trama de filetes de freijó.
“A estética repetida em todos os ambientes traz harmonia conceitual. É um apartamento diferente, para quem aprecia arte e não busca soluções prontas. Foi um desafio e tanto, mas com resultado surpreendente”, arremata ele.