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A cidade e a arquiteta Catherine Otondo

A especialista relaciona a rotina feminina à necessidade de melhorias nos centros urbanos. “Existe um campo de trabalho incrível por aí!”, afirma.

Por Carine Savietto e Cristiane Teixeira
Atualizado em 9 set 2021, 13h02 - Publicado em 3 Maio 2017, 16h53

Penúltima entrevistada a refletir sobre as cidades, a arquiteta Catherine Otondo, sócia do escritório Base Urbana, apresenta um olhar sensível sobre as metrópoles a partir da perspectiva do público feminino. Como o cotidiano das mulheres influencia o desenho da cidade? Confira a seguir!

Percepção feminina – As mulheres têm uma andança mais imprevisível, porque daqui até ali a gente resolve várias atividades: vai buscar a criança na escola e já passa no tintureiro, no açougueiro… Isso exige novos percursos, calçadas melhores, pensar no pedestre, no carrinho do bebê, no carrinho de feira… Existe um campo de trabalho incrível por aí! A Paula Santoro [professora da FAU -USP] fala uma coisa muito interessante, que a alcunha cidade-dormitório só poderia ter sido dada por um homem, porque ele de fato sai dali para trabalhar, mas as mulheres continuam, vão cuidar dos seus afazeres, das crianças…

Favela do Sapé, em São Paulo (Reprodução/Base Urbana)

O que a escuta traz – A gente precisa estar nos lugares para entender a organização das famílias, o dia a dia das mulheres. Quando pensamos em projetos de habitação social, você vê que o espaço imediatamente depois da porta é fundamental, o dentro e fora é muito permeável. Várias mães vão trabalhar e deixam os filhos com outras mães. Como os ambientes internos são exíguos, nesse lá forinha que existe as crianças brincam, enquanto as mulheres cozinham. Então as circulações horizontais e as calçadas precisam ser maiores, com 1,80 m de largura.

Reurbanização da comunidade localizada na zona Oeste de São Paulo. (Reprodução/Base Urbana)

Mais luz, menos medo – Isso é uma coisa das mulheres: a gente sente medo. Em vez de postes altos a cada tantos metros, na favela a gente procurou instalar uma iluminação mais baixa, que clareie o chão e aumente a sensação de segurança.

O cronograma da construção desta escola no bairro de Pinheiros, em São Paulo, tinha duração definida: 150 dias o prédio de 790 m² ser erguido. (Reprodução/Base Urbana)

Duas rodas – A bicicleta deu a São Paulo uma relação com o lugar público muito rápida e efetiva. E nos obrigou a repensar como viver coletivamente. Ela expandiu o espaço de estar na rua.”

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