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Sobrado tombado pelo Patrimônio Histórico ganhou interior moderno

Original de 1890, o imóvel traz na fachada as características de seu tempo. Mas, para além da entrada, eis algumas surpresas…

Por Simone Raitzik
Atualizado em 9 set 2021, 10h57 - Publicado em 18 Maio 2018, 13h00

A via estreita e ainda calçada com paralelepípedos funciona como ponto de encontro de grupos de idosos que jogam cartas em mesas montadas a céu aberto. O clima de cidade do interior não é à toa: essa parte do Rio de Janeiro abrigou a vila operária erguida para os funcionários da Companhia de Fiação e Tecelagem Carioca, em vigor nas redondezas entre o final do século 19 e meados do 20 – e mesmo depois de desativada a fábrica, as oito ruas se mantiveram alheias à especulação imobiliária.

O cimento queimado da sala foi executado na obra (CSV Engenharia). A escada metálica (perfis de 5 x 25 cm) tem degraus de pequiá (5 cm de espessura), fornecida pela Castro e Merlin. (Andre Nazareth/Divulgação)

Em 1987, o conjunto foi tombado pelo patrimônio municipal, o que reforçou o tom preservado e a atmosfera parada no tempo do endereço. Com o passar dos anos, esse pedaço às margens do Jardim Botânico e próximo à subida da Vista Chinesa foi descoberto por artistas plásticos, galeristas e um público que aprecia a vida ali como uma experiência privilegiada, bucólica. Exatamente o caso da família – um casal com um filho adulto, estudante de arquitetura – que arrematou um dos sobrados do local. Há tempos esperando por uma chance, eles depararam com esta unidade, bastante descaracterizada (maciçamente construída internamente, repleta de níveis intermediários).

“Sonhava em viver em uma townhouse daquelas típicas inglesas e, assim que entrei na casa reformada de um galerista americano, atualmente meu vizinho, enxerguei a possibilidade de ter aqui algo assim”, conta a dona. Animado com as perspectivas de restauração do imóvel, o casal convocou o arquiteto Francisco Hue, autor de várias obras semelhantes (inclusive a do vizinho galerista), e pediu que ele mantivesse a estrutura e o estilo originais, mesclando tudo a um toque contemporâneo.

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Azulejos retangulares de 10 x 15 cm (linha Metro White, da Roca Cerâmica) cobrem as paredes. Armários da Kitchens e bancadas de Corian (DuPont) complementam o visual todo branco. (Andre Nazareth/Divulgação)

“Eles desejavam uma cozinha compacta, espaço de convívio e dois apartamentos independentes: um para eles e outro para o filho”, explica Francisco, que liberou os interiores dos excessos acrescentados em obras anteriores e garantiu a entrada de luz e ar. O último pavimento ainda ganhou um terraço e um ambiente curinga, ora quarto de hóspedes, ora sala de ginástica. “Uma preocupação foi deixar todos os andares abertos para o pátio interno e repletos de claridade. As casas dali são geminadas e, no interior de cada uma, há esse trecho aberto, ligação com o bloco dos fundos. É essencial saber valorizar esse ponto”, arremata Francisco.

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