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Reforma cria novo andar e traz luminosidade à casa de vila

Original dos anos 40, a residência paulistana foi restaurada por fora e praticamente reconstruída por dentro

Por Dan Brunini (texto) e Eliana Medina (visual)
Atualizado em 9 set 2021, 13h05 - Publicado em 20 abr 2017, 17h01

A farta iluminação natural foi determinante para que o investidor em tecnologia Casé Pires alugasse este endereço de 132 metros quadrados em São Paulo. Sorte do rapaz, pois, tempos antes, uma reforma avassaladora preservara somente a charmosa casca do imóvel a fim de deixá-lo claro e espaçoso, como se vê atualmente.

Não há mais alvenaria nenhuma entre a sala e a varanda, somente portas-camarão que somam 4,6 metros de extensão. Internamente, o assoalho é de perobinha (Recoma), enquanto o piso externo leva placas de fulget. (Victor Affaro/Victor Affaro)

Naquela época, quando a casa de vila era escura e acanhada e Casé ainda não fazia parte de sua história, derrubar divisórias, reorganizar os ambientes e trocar os acabamentos era insuficiente para resolver a falta de luz. Tampouco permitiria ampliar a morada com uma configuração da década de 40.

Para não descaracterizar a fachada e preservá-la como suas 19 vizinhas, o casal de arquitetos Beatriz Nachtergaele e Baldomero Navarro, do NNarq, decidira não acrescentar nenhum pavimento superior, nem mexer na cobertura. Após se debruçar sobre as limitações do lote estreito, de 4,9 x 15 metros, a dupla optou por retirar da terra, literalmente, a solução para todos os inconvenientes.

O piso de ladrilho hidráulico (Ornatos Nossa Senhora da Penha) se estende pelo pavimento inferior, unindo
a sala de TV e os espaços de serviço. (Victor Affaro/Victor Affaro)

“Escavamos 1,7 metros para descer a casa meio-nível e ganhar o pavimento onde fizemos home theater, lavabo, cozinha, lavanderia e sala de jantar”, explica Baldomero. Porém, só a escavação não bastava: foi necessário redistribuir a altura total da construção de modo que o novo andar e o térreo ficassem com pé-direito de 2,6 metros.

Quem chega da rua avista a sala por detrás da escada metálica com pisadas de madeira. Como ela é vazada, não oferece obstáculos à luminosidade natural que entra pelas janelas da frente – com a reforma, a esquadria do térreo ficou rente ao chão – e pelo terraço nos fundos. (Victor Affaro/Victor Affaro)

Já no pavimento superior, o vão alcança 4,20 metro no ponto mais alto – tamanha amplitude surgiu ao eliminar-se o estuque que nivelava o teto e escondia o telhado. Todas essas modificações exigiram nova sondagem do terreno, o reforço dos alicerces e a adição de estrutura metálica complementar, além de atenção a outras minúcias da obra, concluída em um ano e meio.

Note que a cozinha com copa inclui uma área de lavanderia, onde uma lavadora intercala-se entre os armários de laminado preto (Formaplas). Apesar de os ambientes ficarem semienterrados, não são escuros, já que o janelão de alumínio (Kiko Esquadrias) vai de uma lateral à outra, fixado acima do barrado revestido de cimento queimado. Feita de concreto, essa base denota o reforço nos alicerces. (Victor Affaro/Victor Affaro)

“Planejamos até um tipo de laje que termina a 20 centímetros das paredes laterais, deixando brechas para a passagem de luz”, conta Baldomero. Hoje, Casé usufrui dos ambientes como se tivessem sido pensados conforme seu estilo de vida.

Sem o estuque que escondia o telhado, vieram à luz a parede de tijolos e o pé-direito que chega a 4,20 m no ponto mais alto, justamente onde a caixa-d’água de inox acomoda-se sobre o banheiro da suíte. Na cabeceira, papel de parede da Bucalo. (Victor Affaro/Victor Affaro)

É no pavimento térreo, onde sala de estar e varanda se integram, que ele mais fica. “É uma delícia manter as portas abertas e ter espaço livre para receber os amigos e a família”, diz o morador, que contou com a colaboração do amigo e designer de interiores Luiz Fernando Cícero para selecionar móveis, tapetes e obras de arte. “Ele entrou com cores pontuais, deixando tudo ainda mais acolhedor, definitivamente com a minha cara.”

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