Este sobrado paulistano esconde surpresas: sua reforma guardou imprevistos, contornados por especialistas que puseram cabeça e mãos a serviço da obra
Por Joana L. Baracuhy
Atualizado em 9 set 2021, 14h12 - Publicado em 5 nov 2015, 09h00
Acostumado a projetar e acompanhar obras, o paulistano Giancarlo Rocco, sócio do escritório Rocco Arquitetos, conta a história da reforma deste sobrado setentão narrando um detalhe. “A cliente queria atualizar o imóvel e abrir todo o térreo até o quintal”, começa ele.
Mas logo chega ao ponto. “Estávamos nos preparando para fazer um reforço com perfis metálicos e, assim, realizar a vontade dela, quando recebi um telefonema do engenheiro dizendo: ‘Pare tudo. Há outro jeito de apoiar o primeiro andar da casa a fim de unir os espaços de baixo’”.
A ligação vinha do especialista em estruturas Jairo Correa Junior, consultor e verdadeiro perito na área, chamado a avaliar situações críticas e a decifrar enigmas do universo das cargas, trações e compressões.
Parceiro de Giancarlo em ocasiões anteriores, ele mergulhou nos cálculos até encontrar outro meio de integrar o térreo como desejava a moradora. Chegou à solução com uma espécie de tirante, que não obrigaria o arquiteto a rebaixar demais o teto junto à porta dos fundos, opção que desagradava a todos.
Se a proposta com toques geniais resolveu o problema, implicou 90 dias extras de empreitada, período no qual outras decisões tomaram forma. “A proprietária me contratou para modernizar a construção e administrar a obra. Porém ainda faltava uma definição de linguagem”, diz Giancarlo. “Resolvi erguer a caixa de concreto aparente para abrigar a banheira tão desejada por ela. Esse elemento ditou o visual de todo o conjunto”, explica.
Foi assim que uma mistura feita com cimento cobriu paredes e lajes, um porcelanato no mesmo tom revestiu a área social e ripados de madeira ganharam lugar em janelas, beirais e na cozinha envidraçada. O arremate coube ao muro da frente, executado com os mesmos moldes recheados de argamassa e ferro.
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“O temor da moradora de que ficasse cinza e sóbrio demais desapareceu quando ela chamou uma amiga, artista plástica, e juntas elas escolheram tons de vermelho e rosa para colorir os ambientes”, comemora Giancarlo, após onze meses de dedicação diária à reconfiguração do sobrado.