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Materiais puros e formas geométricas moldam esta casa na África do Sul

Um jogo preciso e controlado – mas também lúdico – protagoniza esta casa em Joanesburgo, que parece uma caixa de morar

Por Sven Alberding/Bureaux (visual) e Alexander Opper (texto)
Atualizado em 9 set 2021, 10h37 - Publicado em 27 jun 2018, 16h15

E ntre 1914 e 1917, o arquiteto franco-suíço Le Corbusier (1887-1965) desenvolveu o sistema construtivo que chamou de Dom-ino – ou Casa Dominó. A ideia para a fabricação em série conjugava soluções como o emprego de lajes planas, pilares e fundações de concreto armado, fachada livre e uma distribuição racional, moderna. A admiração por essa linguagem e a afinidade com o concreto bruto aparecem impregnadas na casa de 350 m² do arquiteto Gregory Katz, em Joanesburgo, África do Sul. Mas não apenas isso. Os anos projetando residências familiares nos subúrbios do norte dessa mesma cidade amadureceram o olhar de Gregory para as formas e os materiais despretensiosos.

Aqui, a construção revela suas feições obedientes ao esquema Dominó, proposto por Le Corbusier: lajes planas com pilares de concreto recuados liberando a fachada. (Greg Cox/Bureaux/Divulgação)

“Adoro a qualidade visual crua e mínima das suas garagens”, afirma ele. Apesar de não parecer em nada com uma garagem, a morada desenhada para sua família – uma planta quadrada – guarda, no entanto, algo dessa simplicidade conceitual, a começar pelos acabamentos. Em paginação inesperada, reina na fachada a textura vermelha e chanfrada dos tijolinhos em contraste com as esquadrias amarelas e azuis. Assumidas, as linhas cinzas da estrutura de concreto riscam essa superfície, evidenciando o pensamento da arquitetura.

Nesse canto dos filhos, o móvel revestido de compensado aparente funciona também como guarda-corpo, delimitando o patamar intermediário. (Greg Cox/Bureaux/Divulgação)

Lá dentro, por sua vez, o uso da cor surge no piso do térreo, onde faixas de revestimento vinílico azul – a inspiração veio do trabalho do arquiteto italiano Gio Ponti (1891-1979) – cortam o chão diagonalmente, conectando visualmente cozinha, salas de jantar e de estar, ambientes integrados não apenas entre si mas também com o jardim, visto sem restrições através dos grandes painéis de vidro que fecham a área social. Uma vez fora, fica-se diante do vasto gramado que cobre o terreno em declive, onde aparecem ainda acomodadas uma área de churrasqueira, um anexo-escritório em dois andares e, por que não, a excêntrica piscina triangular, outra ênfase do arquiteto no jogo de geometrias que permeia toda a construção. “Sou fã do desenho modular: é fácil de manipular e controlar e possibilita tremenda flexibilidade.”

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