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Madeira, aço e cimento desenham casa no topo de uma montanha

Para a total conexão com a paisagem de Araras, na serra fluminense, esta morada conjuga ares contemporâneos e acabamentos calorosos

Por Simone Raitzik (reportagem visual e texto)
Atualizado em 9 set 2021, 11h30 - Publicado em 9 mar 2018, 17h00

O terreno de 26 mil m² no alto de um condomínio em Araras, bairro de Petrópolis, RJ, já estava definido e comprado no primeiro encontro entre a equipe do escritório carioca Ao Cubo Arquitetura e o cliente. Mas a implantação no lote e o partido estético – o visual do que viria a ser construído ali – permaneciam incertos.

Na pág. ao lado: a varanda (3 x 10,70 m) se projeta em balanço, montada com estrutura metálica (as vigas são perfis em H, de 20 x 35 cm, tingidos com esmalte preto fosco). Nesta pág.: o beiral (1 m) leva réguas de madeira (3 x 5 cm) espaçadas e apoiadas em facas metálicas (a 1,17 m uma da outra). Parece um pergolado. Na cobertura, vidro (8 mm de espessura). (Andre Nazareth/Divulgação)

Várias reuniões se sucederam até que Pedro de Hollanda, Lessa Carvalho, Edna Maeda e Paula Paiva, os sócios contratados para a tarefa, conseguissem traduzir em cimento, ferro e madeira os desejos e expectativas do futuro dono da casa. “Ele chegou inclinado a erguer no local algo com jeitão colonial, mas percebeu que poderia sair meio ‘falso’ e optou por uma linguagem contemporânea”, diz o arquiteto.

Tábuas de pínus de diferentes larguras moldaram o cimento aplicado sobre a alvenaria na fachada, deixando a marca de nós e ranhuras. Aberta, a porta pivotante (1,60 m de largura) enquadra a varanda e a paisagem. Basculantes no alto promovem a ventilação cruzada sem esquentar demais a casa (como fariam janelas nesta face). (Andre Nazareth/Divulgação)

Depois de quatro meses e muitos estudos, os profissionais chegaram à conclusão de que o melhor formato seria basicamente horizontal, acomodado no relevo de modo a atender ainda aspectos como insolação, vistas e privacidade. A planta se dividiria em dois trechos: um englobando a área social e a suíte master e outro com sala de TV e quartos de hóspedes.

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A porta de correr de tubos de aço- -carbono e vidro separa a cozinha da sala, aconchegante com seu piso de madeira de demolição (acabamento de Bona fosca). Moldada com argamassa armada revestida de cimento queimado, a bancada ganhou resina acrílica para reforçar a impermeabilização. Na parede, um tom esverdeado: tinta acrílica (Coral, ref. Azul Porcelana). (Andre Nazarteh/Divulgação)

Toda a ala de serviços e o lazer, incluindo piscina e sauna, restaria embaixo, em meio a pilotis delgados, capazes de manter o pavimento aberto e sustentar a edificação. Afinal, a ideia era alterar o mínimo possível a topografia do lugar apostando em movimentações de terra pontuais. Mas engana-se quem pensa ter sido irretocável o plano zelosamente concebido até então.

Vigas e pilares metálicos ficam aparentes, fechados na varanda por meio de seis portas de correr de vidro e alumínio (com pintura eletrostática), seguidas de painéis com chapas de aço perfuradas (tingidas de esmalte sintético também preto e fosco) – para maior segurança. Execução da SJL esquadrias. (Andre Nazareth/Divulgação)

Como a equipe do Ao Cubo assumiu também o acompanhamento da obra – um meio de assegurar a correta execução, avaliam os integrantes –, alguns itens mudaram durante os 16 meses subsequentes. “Já com o estudo definitivo aprovado, nos demos conta de que a casa poderia parecer esticada demais e flexionamos parte do pavilhão num ângulo de 15°. Essa medida ainda permitiu assentar melhor a construção no solo”, continua Pedro de Hollanda, revelando como as respostas surgiram aos poucos e o tempo de maturação contou a favor.

Cercada de Mata Atlântica e finalizada com um paisagismo que privilegiou espécies nativas, a casa se acomoda no topo do lote. Suspensa em pilotis de aço, ela vence com suavidade a inclinação de cerca de 30° do terreno. O trecho inferior ganhou tinta acrílica azul (Coral, ref. Azul Corredeiras) para descolar a edificação do entorno. (Andre Nazareth/Divulgação)

 

No trecho dos hóspedes, o teto verde (Ecotelhado) sobre a laje evita o calor. São cinco camadas: impermeabilização, módulos alveolares, membrana drenante, substrato e vegetação rasteira. (André Nazareth/Divulgação)

No final do processo, deu-se ainda uma pacificação de estilos: colonial, contemporâneo, moderno. “Vimos que o cliente garimpava móveis dos anos 50 e 60 e o ajudamos nessa tarefa, além de criarmos interiores contemporâneos onde tais peças caberiam perfeitamente.” Isso sem esquecer o típico telhado cerâmico, claro, que cobre o bloco principal.

Veja mais fotos do projeto na galeira abaixo:

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