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Lajes aparentes e estruturas metálicas desenham esta casa

A intenção dos proprietários era viver com praticidade, mas nem por isso a casa – cheia de móveis de família, coleções e arte – deixa de ser afetuosa

Por Deborah Apsan (visual) e Regina Galvão (texto)
Atualizado em 9 set 2021, 10h29 - Publicado em 11 jul 2018, 15h16

Muitas foram as referências que ajudaram a conceber esta casa erguida com barras de aço: a arquitetura de um restaurante em Amsterdã, os terraços dos projetos residenciais do arquiteto paulistano Marcio Kogan, os canos aparentes do Sesc Pompeia, de Lina Bo Bardi (1914-1992), em São Paulo. Fotógrafo de arquitetura dos mais requisitados, Romulo Fialdini e a mulher, a também fotógrafa Carla Fialdini, bem pontuaram suas preferências nas conversas com as arquitetas da Prado Zogbi Tobar, contratadas para planejar o imóvel no terreno na Vila Madalena, em São Paulo. “Tudo ficou com a cara deles”, garante Eliane Zogbi, uma das sócias do escritório.

(Carla Fialdini/Divulgação)

A decisão do casal de construir com estrutura metálica – escolheram a Gomez & Moraes – visou praticidade, custo e rapidez: fundação e esqueleto estavam prontos em um mês, sem desperdício de material, e, em um ano, eles já se mudavam para o novo endereço. Com orçamento enxuto, decidiram tocar a obra juntos, comprando dos sacos de cimento à cuba da cozinha na rua Paula Sousa, famosa por suas lojas de utensílios domésticos.

“Além da  orientação das arquitetas, tivemos a ajudados donos da empresa da estrutura metálica para indicar fornecedores, o melhor jeito de fixar os tijolos às barras de aço, entre outras questões técnicas. O engenheiro Fernando Gomez e meu pai, Fernando Teixeira de Carvalho, que já teve uma pequena construtora, também serviram de consultores”, conta Carla. Ao longo do processo, o casal foi ajustando o projeto às suas convicções. Uma delas foi a de deslocar a entrada principal, prevista no corredor lateral pelas arquitetas, para a fachada da frente, onde está a cozinha. “Descemos do carro e em poucos passos estamos dentro de casa”, comenta Romulo.

Como é a estrutura da casa? Entre pilares, vigas e contraventamento, são 60 partes no total (os elementos diagonais vistos nas paredes são coadjuvantes, mas mantêm a estabilidade desse esqueleto). As lajes de steeldeck são feitas de chapas dobradas de aço galvanizado preenchidas com concreto. A cadeira de Marcel Breuer (1902-1981), um clássico do design internacional, pertenceu à mãe de Romulo e hoje compõe o estar com o sofá Chesterfield, presente da irmã de Carla renovado com veludo do Empório Beraldin. A mesa de centro, tomada por objetos afetivos, veio da Desmobilia. (Carla Fialdini/Divulgação)

 

Foi também ideia dele manter o boxe do chuveiro aberto para o quarto para tornar o ambiente amplo e agradável. “Sempre acreditei no conceito ‘máquinas de morar’, de Le Corbusier [1887-1965]. Além da estética, o lugar onde vivemos deve atender às nossas reais necessidades”, diz o fotógrafo. Essa praticidade tão autêntica aparece até no modo como definiu-se o acesso da garagem ao interior: blocos de concreto garimpados anos atrás por Romulo em uma caçamba da construção do restaurante do Museu de Arte de São Paulo (Masp) são hoje degraus na morada dos Fialdini. Pode ser mais chic?

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