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Estrutura metálica projeta casa em direção à paisagem

Para conquistar ambientes claros, que parecem se fundir à natureza, esta construção no interior paulista tira partido de grandes painéis de vidro

Por Danilo costa (texto) e Deborah Apsan (visual)
Atualizado em 9 set 2021, 12h45 - Publicado em 6 jul 2017, 17h55

Ele se gaba mesmo. “A vista é espetacular. Nos ambientes mais altos, minha mulher e eu gostamos de apreciar a floresta, uma área de reserva ambiental nos fundos do terreno”, fala o dono desta casa no interior de São Paulo.

Esta ponta, que avança 5,25 m em direção à paisagem, abriga o ateliê de cada um. É apoiada sobre uma leve estrutura metálica em forma de X e pintada de roxo (Coral, ref. cardo uva). (Eduardo Pozella/Eduardo Pozella)

O privilégio de ter a natureza aos pés não foi obra do acaso. “Multiplicamos o uso do vidro e, para conseguir vãos livres generosos, elegemos a estrutura metálica”, explica o arquiteto Bernardo Telles, de Campinas, SP, convidado para tocar o projeto e a execução.

Com piso de mosaico português (Mosaico Pedras), o hall de entrada é uma continuação da garagem. Feitas de madeira pela Campsul, as portas de correr foram tingidas de amarelo (Coral, ref. mostarda quente). (Eduardo Pozella/Eduardo Pozella)

O sistema construtivo permitiu criar grandes trechos quase sem apoios, como os dois ateliês que parecem flutuar sobre a piscina, e agilizou a empreitada: em sete meses, toda a armação metálica ficou pronta. “Essa opção custa um pouco mais caro que o concreto armado. Até 20%, aproximadamente. Em contrapartida, você ganha com a racionalização das etapas, além de evitar o desperdício de material”, completa o arquiteto.

Nos trechos onde era crucial reduzir o peso sobre os perfis de metal, o fechamento leva placas cimentícias, e as paredes são de drywall. O resto da casa empregou os tradicionais blocos de concreto.

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Numa base predominantemente cinza, com blocos de concreto aparente e piso de cimento queimado (Bautech, vendido pronto pela Ctori), a bancada da cozinha sobressai. Feita de alvenaria, ela tem azulejos coloridos (Antigua), tampo e laterais de Quartzo Stone (da PKO, comprada na Marmoraria Carmona). Parafusada nela está a mesa (da Elgin, mesmo fornecedor dos armários ao fundo). (Eduardo Pozella/Eduardo Pozella)

Inteligência construtiva à parte, este projeto também pode se gabar de uma implantação bem pensada. Sem a necessidade de uma terraplanagem radical, a construção se organiza em três patamares e vence os 7 metros de declive. “A ideia era evitar grandes diferenças de nível ao longo do lote”, argumenta Bernardo.

Observado do lado de fora, o paredão azul, que fica pendurado nas vigas metálicas, revela outra função. “Ele dá a privacidade necessária à sala, que não tem como ser vista por quem está na garagem, no nível da rua”, conta o morador. Na área externa, surge novamente o mosaico português, desta vez em harmonia com a grama. (Eduardo Pozella/Eduardo Pozella)

Aberta para os fundos e uma das laterais, a morada aproveita a face norte e é iluminada pelo sol o dia todo. Por isso, os quartos, alocados no piso superior, ajudam a fazer sombra. Já a lateral cega, com parede de blocos de concreto aparente e sem janelas, fica voltada para a face sudoeste. “Ela serve de proteção contra os ventos e as chuvas mais fortes”, complementa.

Seis painéis corrediços de vidro temperado de 1,75 x 2,60 m (instalados na esquadria de alumínio da Campsul) conectam o living à área externa. Ao fundo, o anteparo de placas cimentícias pintadas de azul-turquesa (Coral, ref. pluma de pavão) resguarda o ambiente do sol. Tapete, mesa de centro e cadeiras da Futon Company.

(Eduardo Pozella/Eduardo Pozella)

Na distribuição da planta, o térreo, no mesmo nível da rua, concentrou a garagem, o hall de entrada e a lavanderia. Atendendo ao pedido dos moradores, rampas dão acesso aos pavimentos inferiores, onde estão as áreas de convívio, e à ala íntima, no alto, que reúne os quartos e os ateliês do casal.

Todos os pavimentos são interligados por rampas, cercadas por vidros para permitir a entrada de luminosidade. Sob esse sistema de circulação, uma biblioteca semienterrada aproveita o espaço. (Eduardo Pozella/Eduardo Pozella)

Fã de tudo que é inovador, não foi difícil para o proprietário aceitar as propostas ousadas do arquiteto – e contribuir com elas, como aconteceu na escolha da incomum paleta de cores. “Elas quebram o cinza dos outros materiais. O amarelo e o roxo trazem alegria e felicidade. Exatamente o que temos de sobra aqui”, resume.

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