De vidro e ferro: casa combina referências industriais e retrô
Residência erguida com estrutura metálica em São Paulo tem pés-direitos altos e fachada transparente
Por Silvia Gomez
Atualizado em 9 set 2021, 12h26 - Publicado em 27 out 2017, 17h32
A metrópole é São Paulo, mas nesta casa de 535 metros quadrados, acorda-se com o barulho de sagui, pica-pau-amarelo e maritaca na algazarra da manhã. Virtude do bairro distante do centro mas também do terrenoarborizado, de 900 metros quadrados.
Sua leve inclinação – um declive de 2 metros a partir da calçada – ditou uma implantação que parece voltar-se para o jardim, abrindo os fundos da construção num grande avarandado quase sem limites dentro e fora.
“É o espaço de que mais gostamos, onde a casa realmente acontece”, diz a moradora, Mariana, com dois filhos pequenos.
Veio dela a vontade de investir em pé-direito alto, esquadrias de ferro, o jeito de loft. “Queria o visual industrial, mas tinha medo de o resultado ficar frio.”
Por isso também a escolha pelo escritório paulistano Estúdio Penha. “Prezamos o reúso de materiais e o acolhimento. É uma arquitetura contemporânea com nostalgias”, define a arquiteta Veronica Molina, autora do projeto ao lado de Vitor Penha, Bianca Sinisgalli e Guto Vicentainer.
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Assim nasceu a estrutura de ferro que a todo tempo parece se confundir com a caixilharia ora do mesmo material ora de alumínio pintado com efeito aço corten.
“Para conseguir a conexão com o exterior, elegemos o ferro, que viabiliza perfis mais finos e caixilhos leves, além de uma paginação sob medida, em sintonia com o desejado conceito de loft”, explica Veronica.
Soma-se a essa solução a articulação de pés-direitos altos, entre 3 e 9,25 m no ponto máximo. “Nesse jogo, é importante a presença da escada e da passarela, no andar de cima. Elas enriquecem o desenho do espaço.”
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Como contraponto, tijolinho de demolição e madeira aquecem os ambientes, que exibem piso de cimento queimado (piso inferior) e tábuas (superior, nos quartos). Banheiros e cozinha receberam ladrilhos hidráulicos. “Esse revestimento traz algo quente e emocional, lembrando casa de vó”, justifica Mariana.
Na fachada, a transparência do vidro é interrompida pelos trechos de alvenaria que também seguem o traço inclinado da cobertura de telhas metálicas do tipo sanduíche. “Além da facilidade de instalação diante das diferenças de pé-direito, elas exigem pouca manutenção e oferecem ótimo isolamento termoacústico”, ensina Veronica. Assim, nada atrapalha o silêncio dentro da residência, algo tão raro numa metrópole como esta – a não ser pela bem-vinda algazarra da manhã.