Demolidas as paredes e rasgados os vãos, esta residência térrea no interior de São Paulo desabrochou para o terreno verde
Por Marília Medrado
Atualizado em 9 set 2021, 12h40 - Publicado em 28 jul 2017, 16h30
Faça chuva ou faça sol, as portas desta casa de 250 metros quadrados em Campinas, SP, estão sempre abertas. A expressão popular, que no sentido figurado traduz apropriadamente o gosto dos proprietários por receber, também cabe, se adotada uma interpretação mais literal, para resumir o projeto.
A começar das generosas esquadrias, recolhidas tanto em dias ensolarados quanto de aguaceiro, deixando livre a passagem para o quintal e franqueando o visual da natureza.
Desfrutar plenamente da área externa, afinal, era parte importante dos desejos do casal (mais um dos filhos) ao procurar o arquiteto Vasco Lopes em 2015 e encarregá-lo da atualização da residência.
Integrar os ambientes sociais, sobretudo a cozinha, e encher a morada de luz natural também constavam da lista de prioridades pensada pelos clientes para transformar o imóvel, descaracterizado após 30 anos e várias reformas, até chegar à versão envelhecida e compartimentada na qual se encontrava.
Na obra, que durou cerca de um ano e foi acompanhada pelo arquiteto, uma das principais intervenções foi a demolição de paredes nos dois blocos existentes – o principal e o anexo – em nome da união dos espaços.
Mas o novo layout com cozinha, sala de jantar e estar em sequência exigiu reforços na estrutura. Entraram em cena, então, vigas e pilares metálicos, depois pintados de marrom-chocolate. “Além de funcionais, esses perfis colaboraram com a estética da casa”, diz Vasco.
Rasgados os vãos e garantida a iluminação abundante e a conexão com o exterior, passou-se ao desenho de caixilhos discretos. “Todas as esquadrias de ferro ou alumínio foram substituídas por outras de cumaru, possibilitando uniformidade visual”, afirma Vasco.
“Os moradores gostam de design e materiais naturais. Por isso, a madeira, o concreto e o aço estão muito presentes”, acrescenta. Acabamentos que brincam com cores e formas, como os cobogós, os ladrilhos hidráulicos e a pedra portuguesa assentada em círculos, ainda reforçaram a atmosfera lúdica e retrô.
Por fim, a antiga edícula recebeu a devida atenção. A demolição da parte frontal converteu o anexo de 80 metros quadrados em um agradável terraço com churrasqueira e vista para a piscina.
Nos fundos desse bloco, surgiu uma biblioteca voltada ao jardim. E assim, mais uma vez, o ditado revelou-se oportuno: é ali, junto à frondosa sibipiruna, que os moradores se sentam e desfrutam de uma boa leitura, faça chuva ou faça sol.