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Casa para curtir em família

Depois de uma vida morando em apartamento, a arquiteta Solange Cálio tomou coragem e, antes de a filha mais velha deixar o ninho, desenhou esta casa para a família usar sem pudor. Nunca a turma esteve tão unida

Por Por Marianne Wenzel (texto) | Douglas Soler (visual) | Projeto Solange Cálio Arquitetos
Atualizado em 9 set 2021, 14h07 - Publicado em 22 jan 2016, 08h00

No condomínio de 24 lotes em São José do Rio Preto, SP, só um ainda estava vazio. Tinha dono, é verdade. Mas, em quase uma década, nada de ele se animar em construir. “Até que meu marido me intimou. Falou que essa demora daria em separação”, conta, entre gargalhadas, a arquiteta Solange Cálio. E assim ela retomou os planos para a casa térrea, candidata a virar o novo endereço de sua família, que até então residia num apartamento no centro na cidade. “Havia tempos sonhávamos com essa mudança. Cheguei a começar uns 15 projetos, porém não conseguia superar uma espécie de trava”, lembra ela, enumerando os fantasmas responsáveis pelo bloqueio: “A autocobrança, a responsabilidade perante meu marido e meus dois filhos, o desejo de fazer uma boa arquitetura versus as limitações de fornecedores e mão de obra locais… tudo isso me assombrava”, diz.

Dessa vez, no entanto, Solange enfrentou os medos. E concebeu um projeto pautado pela vontade de estar junto – com as crianças, principalmente. “Quem mora no interior sabe que os filhos partem cedo para cursar faculdade. Nossa mais velha tem 16 anos, está chegando a hora”, revela. “Então, desenhei essa casa para a gente usar mesmo. Não me preocupei tanto com alguns padrões do mercado imobiliário, que para esse tamanho de terreno exige no mínimo quatro suítes. Bobagem”, fala. A busca pela convivência justifica a abertura total ao jardim – por causa dessa premissa, o paisagismo nasceu junto com a arquitetura. “Não se trata só de seleção e plantio de vegetação, e sim dos caminhos externos, da piscina… esse trabalho influencia até a implantação, porque interfere também nas cotas de nível”, explica a arquiteta. Justifica também os espaços conectados e até mesmo um certo despojamento na escolha e na manutenção dos materiais. “Meu filho, de 8 anos, anda de patinete por todos os ambientes. Não vejo problema, o assolhado aguenta. E, na cozinha, o inox risca mesmo. Se isso nos incomodar, faço um polimento. Não sofro.”

Instalada aqui há quase um ano, após outros dois de obras, a profissional diz agradecer todos os dias pela conquista. “A vida está fluindo melhor agora. Assumi que gosto da rotina doméstica, meu lado feminino aflorou. Mudou também a relação com os clientes. Fiquei mais solidária, compreensiva, parceira. Entendo muito melhor a importância e a seriedade de fazer uma casa, além das expectativas envolvidas. É um momento que mexe demais com o emocional”, resume. E a família? “A Rafa deve ir embora no ano que vem, o Lorenzo ainda demora um pouco mais. Quanto a mim a meu marido, nós dois vamos envelhecer aqui”, conclui.

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