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Casa moderna tem vitrô na fachada

Neste projeto, claridade não falta. Grandes painéis com alma de vitrô – referência tão familiar da arquitetura brasileira – cerram as duas fachadas

Por Lara Muniz
Atualizado em 9 set 2021, 12h20 - Publicado em 24 nov 2017, 18h40

Uma das coisas favoritas da antropóloga Nadja em sua nova casa é contar com claridade de sobra para começar cada manhã. “Adoro sair do quarto e ver a luz do Sol espalhada pelos ambientes na hora de preparar o café. Isso me ajuda a despertar”, fala.

Do mezanino, o olhar alcança o verde da Universidade de São Paulo, a USP. As películas transparentes na parte baixa da esquadria freiam a passagem do calor sem interferir na luminosidade. (Divulgação/Pedro Kok)

A conquista da luminosidade em abundância resultou da coragem dela e do marido, o treinador de futebol Arthur, de mudar os planos e jogar ao chão a casa que haviam comprado, inicialmente, com o objetivo de reformar.

A decisão aconteceu quando perceberam que, a fim de conciliar o layout planejado com os reforços exigidos para colocar em dia a estrutura antiga, sobrariam de pé apenas duas ou três paredes.

Apesar da personalidade marcante, a casa não destoa das vizinhas. O volume branco em balanço cobre um pequeno pátio interno diante da suíte de hóspedes. (Divulgação/Pedro Kok)

“Vencido o susto da demolição, deparamos com a oportunidade de tornar o projeto mais adequado à rotina do casal. Além disso, poderíamos testar os limites de uma proposta permeável à paisagem e, ainda assim, voltada para a vida doméstica”, avalia o arquiteto Ivo Magaldi, um dos sócios do escritório paulistano 23 Sul.

A escada de concreto moldado parece levíssima entre as paredes, ganhando efeito escultural. Além de dividir informalmente a área social da cozinha, ela cumpre o papel de um disputado assento improvisado em dias de festa. (Divulgação/Pedro Kok)

O terreno dispõe de boas medidas – 7,50 x 21,50 m – e a integração entre os ambientes foi a primeira premissa a entrar nos planos da nova morada. Com isso em mente, a ideia de modular os espaços fluiu pelos desenhos dos arquitetos.

“Pensamos na distribuição de forma bem solta. A intenção de sugerir e criar condições para os diversos usos se fez presente, mas em nenhum momento pensamos em determinar a localização de um cômodo ou outro”, detalha Ivo. Daí até o surgimento de um volume quase independente para resguardar a área íntima não levou muito tempo.

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Painéis de pínus revestem o volume reservado aos quartos. (Divulgação/Pedro Kok)

Como a residência está elevada do patamar da rua (só a garagem ocupa o mesmo nível do asfalto), ressaltar a separação entre as alas social e de descanso com mais um degrau reforçou o conceito volumétrico.

Quem vê de fora não tem essa noção, mas o caixote branco em balanço sobre as chapas metálicas que fecham a garagem guarda as suítes, o mezanino e as minivarandas, enquanto a área de estar se inunda com a iluminação natural.

Cimento queimado no piso e branco nas paredes também marcam presença nos dormitórios. (Divulgação/Pedro Kok)

O limite entre os dois módulos fica marcado pelo vasto painel de pínus, também assinado pela equipe do escritório de arquitetura. Ele começa na estante da sala e invade a área dos quartos, levando cor e forma aos guarda-roupas e às raras portas da construção.

A escada separa a cozinha da sala de forma discreta e casual. (Divulgação/Pedro Kok)

Diante de tanta área livre, o sol circula tranquilamente, delineando o contorno dos vitrôs nos pisos e nas paredes. O trabalho de serralheria, responsável por conferir tanta identidade à morada, vai além das fachadas e alcança os guarda-corpos com um desenho geométrico simples, coerente com o restante do projeto.

A laje superior avança diante do fechamento de vidro e ajuda a conter o excesso de luz natural. A sacada contígua ao mezanino ganhou guarda-corpo com o mesmo elemento tubular presente no corrimão da escada. (Divulgação/Pedro Kok)

Simples, aliás, é palavra comum por aqui. Ela adjetiva desde a manutenção – por causa das profissões, o casal passa muito tempo viajando –, aos cuidados necessários com o jardim, passando também pelos acabamentos escolhidos (cimento queimado e tinta branca, basicamente).

“Depois do turbilhão, vejo que morar numa casa sob medida, como um cenário para a vida que escolhemos, foi uma das nossas melhores apostas. Só há uma ressalva: está cada vez mais difícil nos tirar daqui para fazer qualquer outro programa”, diz Nadja.

A casa se divide em dois setores bem delimitados. A área social tem integração absoluta – a sensação de unidade não encontra limites sequer na mudança entre os níveis. Já o espaço íntimo conta com a proteção do volume de madeira, que traz consigo o bônus do isolamento acústico. (Divulgação/Divulgação)

 

Quem vem da rua passa pela garagem antes de acessar a sala pela varanda. Chapas metálicas perfuradas e pintadas de preto favorecem a visibilidade interna. (Divulgação/Divulgação)

 

“Reunir os quartos num volume destacado ajudou a definir o conceito espacial”, conta o arquiteto Ivo Magaldi. (Divulgação/Divulgação)

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