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Casa ganhou área de lazer arejada depois de reforma

Sem relação nenhuma com o exterior, a morada quarentona teve seus espaços totalmente repensados para os moradores conseguirem olhar para fora e curtir

Por Deborah Apsan (visual) e Silvia Gomez (texto)
Atualizado em 9 set 2021, 11h20 - Publicado em 2 abr 2018, 14h17

Pintura bege, telhado de duas águas, estrutura robusta de concreto, pequenas janelas. Era assim a casa dos anos 70 comprada pelo casal de atuais proprietários num bairro arborizado de São Paulo. “Era claramente uma residência bem construída e de qualidade, mas sem nenhuma relação com a área externa”, conta a arquiteta Fernanda Neiva, sócia de Fernanda Palmieri no escritório Galeria Arquitetos, contratado para pensar a reforma.

A antiga edícula perdeu o andar de cima para deixar a área externa mais arejada. O que sobrou dela ganhou reforço de pilar e viga metálicos e transformou-se neste espaço de lazer, com churrasqueira, de 24 m². (Cacá Bratke/Divulgação)

 

Uma grande abertura criada na reforma escancarou a cozinha para o jardim. (Cacá Bratke/Divulgação)

Sua distribuição refletia a imposição do terreno, um aclive de cerca de 3 m organizado em dois níveis:o inferior, posicionado na frente e destinado à garagem e aos ambientes de serviço, e o de cima, onde ficava todo o resto, da sala aos quartos, incluindo uma volumosa edícula de dois andares. “Com uma proporção desmedida, esse anexo estrangulava o espaço. Deixamos apenas um trecho da laje de baixo e o reforçamos com peças metálicas para criar um canto de lazer com churrasqueira e lavanderia num único piso”, conta Neiva.

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Este foi um dos rasgos abertos na lateral da entrada da casa, fechado com a porta de correr de 2,05 x 2,15 m. A artista plástica Calu Fontes criou o painel de azulejos sob encomenda. Piso de placas assimétricas de pedra Lucerna em paginação desenhada pela paisagista Gabriella Ornaghi. (Cacá Bratke/Divulgação)

 

Sala e cozinha se comunicam totalmente, favorecendo a ventilação cruzada. Aqui, os gabinetes têm portas de freijó e o piso é de porcelanato em placas de 0,60 x 1,20 m (linha Concretíssyma, tom Matiz Grigio, da Portobello). Bancada de superfície de quartzo da Caesarstone. (Cacá Bratke/Divulgação)

A mesma estrutura metálica aparece também no trecho de estar, onde vigas de aço indicam as paredes que vieram abaixo na obra. “O corredor central, dos quartos, era muito largo, com 1,60 m. Roubamos 65 cm dessa largura para cedê-la à sala, afastando um pouco sua parede. Com isso, conseguimos, por exemplo, fazer uma ilha na cozinha, agora integrada.” Mas a busca por integração foi traduzida sobretudo pelas grandes aberturas que atualmente pontuam a casa.

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Ao lado da entrada, armário de freijó e laminado na cor roxa (Formica, ref. Purple L 552). (Cacá Bratke/Divulgação)

 

Metade da ilha, a qual mede ao todo 0,65 x 2,96 m, conta com cooktop e a outra porção virou mesa de refeições, com pórtico de madeira de demolição. Portas de laminado num refrescante tom menta (Formica, ref. Verde Claro L 110). (Cacá Bratke/Divulgação)

“Elas só fariam sentido para tornar o interior mais agradável se transformássemos as laterais em jardins, vestindo os muros de verde e trocando os pisos impermeáveis do exterior por pedriscos onde fosse possível, chegando mais perto da terra.” Entraram em cena assim as novas – e generosas – esquadrias de alumínio, além do paisagismo em parceria com Gabriella Ornaghi. “A ideia era incorporar o desenho paisagístico à arquitetura para transmitir uma forte sensação de presença na natureza.

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A estrutura de vigas metálicas necessária à reforma aparece aqui. Esta janela da sala, voltada para a rua, foi a única abertura preservada em sua proporção original (1,70 x 3,69 m), mantendo inclusive o peitoril como um pequeno banco de apoio. Piso de cumaru. (Cacá Bratke/Divulgação)

 

A lareira de concreto moldada na obra é um desdobramento do desenho das prateleiras superior e inferior – esta uma moldura para o aparador da TV , de freijó. “Gosto de usar elementos que vão de uma ponta a outra em ambientes compridos, artifício eficiente em prol de maior integração e sensação de continuidade”, ensina Fernanda Neiva. Ao todo, as pranchas percorrem 13 m na parede do estar. (Cacá Bratke/Divulgação)

A criação de maciços vegetais com espécies tropicais reveste os limites do lote e proporciona acolhimento e conforto visual”, define Gabriella. Mais arejada, a morada preservou a memória de seus traços sem deixar de se tornar uma outra versão de si mesma, a de 2018: pintura cinza, cobertura suavizada, estrutura agora mista, enormes janelas.

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Entra-se por uma escada à esquerda da garagem, porção que trocou a lavanderia por ambientes de serviço e depósito. (Cacá Bratke/Divulgação)

 

No corredor do acesso social (já no pavimento superior), o muro recebeu espécies como filodendros e maracujá, que aos poucos escalam a malha metálica. (Cacá Bratke/Divulgação)

 

Todas as esquadrias da casa foram trocadas por modelos de alumínio pintado de preto (Colombo Esquadrias). As placas de concreto abrem caminho entre os pedriscos. Junto ao paredão, encontram-se as plantas camarão-azul e dicorisandra. (Cacá Bratke/Divulgação)

 

Este banheiro funciona como lavabo e apoio para um dos três quartos, já que tem chuveiro. Pastilhas da Cerâmica Atlas (linha Timor) e louças da Deca. (Cacá Bratke/Divulgação)

 

À frente da churrasqueira, o maciço verde mescla um ipê- -amarelo, maranta-charuto, taioba, dicorisandra e falso-íris. Ao substituir o antigo piso cimentado, pedriscos deixaram o jardim mais permeável. (Cacá Bratke/Divulgação)

 

O simples deslocamento de uma parede – a do corredor dos quartos, empurrada 65 cm para a esquerda – ajudou a reconfigurar toda a área social, agora ampliada e integrada à cozinha. (Cacá Bratke/Divulgação)
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