Casa de mil m² em Ibiza é um paraíso de relax
De um lado, paredes sem janelas – como manda a arquitetura vernacular local – do outro, painéis de vidro escancaram a paisagem vasta e azul mediterrâneo
Um arquiteto, mesmo o mais sonhador, não conseguiria imaginar presente tão perfeito quanto o que caiu nas mãos do espanhol Fernando de Castro Tornero. Ele foi chamado para projetar uma casa de quase mil m² diante do mar na Ilha de Ibiza – e não constavam da proposta restrições de orçamento. Deveria ser um imóvel de luxo, feito para uso próprio e aluguel durante a alta temporada.
O combo de sonho e oportunidade incluía ainda proprietários estetas, de gosto apurado e fortemente ligados às artes. Ou seja: o belo e o respeito à natureza permearam as conversas da família de clientes e do profissional desde o início, numa sintonia sensível que durou praticamente dois anos – prazo de desenho e obra. Valendo-se de seu vocabulário preciso, Fernando explica que os aspectos telúricos, quase mágicos, de Ibiza determinaram muito do traçado da residência – como se a geografia local por si só fizesse exigências. A cor branca, típica das moradas camponesas nos arredores, talvez seja o item de reconhecimento mais imediato. Afinal, a cidade glamorosa e notívaga que tantos turistas atrai durante o verão europeu é cercada de escarpas e cenários estonteantes, onde as edificações são singelas e a vida corre em ritmo desacelerado.
Mas não era só. A sabedoria popular contida nas construções da pequena isla ensinou também que o norte traz ventos fortes. Daí uma das fachadas surgir quase cega. Toda a luz entra pela face sul, inteiramente aberta para o Mediterrâneo. Bebem desse horizonte azul as sete suítes. Foi um pedido da família que cada quarto tivesse seu próprio banheiro e uma vista de tirar o fôlego – dois itens importantes em um endereço pensado para quem busca dias de férias paradisíacas.
Materiais naturais se encaixaram com total pertinência nos planos. Madeira, bambu e pedra foram privilegiados, embora proprietários e arquiteto buscassem encontrar justa medida entre a referência vernacular e as soluções mais tecnológicas empregadas (pilares e vigas metálicas cumprem seu papel hig-tech com discrição, escondidos sob as paredes, e um piso de microcimento branco oferece altíssima performance e a atmosfera desejada).
Quando a casa ficou pronta, pensou-se em uma seleção de espécies autóctones para o entorno. Pouco a pouco, ciprestes e oliveiras vão ocupando os espaços e vicejando ali – alguns crescem ao sabor do vento. “Uma vez alcançada a plenitude de crescimento, transformarão para melhor a arquitetura”, arremata Fernando, acreditando ser possível incrementar o que já começou bem.
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