Casa com ares de pousada une contato natureza e conforto
Antiga fazenda de búfalos, esta casa em trancoso, BA, oferece o melhor dos dois mundos para quem é conectado o tempo inteiro, mas também gosta de relaxar
Por
Alvaro Leme
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14 maio 2018, 14h50 - Publicado em 14 maio 2018, 14h49
(Evelyn Müller/Divulgação)
O dilema de escolher entre se embrenhar no mato ou tomar sol à beira-mar não tem vez aqui, já que se pode perfeitamente oscilar entre ambos – pero, sin perder el wi-fi jamás. É assim, com um pé na natureza e outro no conforto, que se sente quem passa uns dias nesta casa com ares de pousada, esparramada num terreno de 38 mil m² em Trancoso, badalado point do litoral sul baiano. Lar de um empresário que se reveza entre São Paulo, Alagoas e Bahia, a construção se divide em módulos que totalizam 480 m². “Aqui era uma antiga fazenda de búfalos”, relata o proprietário, integrante da leva de paulistas que, na década de 70, caiu de amores pelo até então ultrapacato vilarejo.
–– (Evelyn Müller/Divulgação)
Depois de 18 anos num imóvel próximo à pousada Espelho d’Água, não titubeou quando viu a chance de adquirir seu quinhão de mata virgem com pé na areia na praia Itapororoca, que hoje ocupa com a mulher, três filhos e cinco cachorros. Naquele ano, após oito meses de obras, saiu do papel a primeira etapa do projeto, assinada pela arquiteta Bia Bittencourt, e que consistia em dois quartos-bangalôs, cozinha e sala de almoço. Sem pressa e com carinho, como pede o estado de espírito local, a segunda fase (de autoria de Paulo Milani e Alberto Busacca) aconteceu dez anos depois, quando nasceram a área social e o terceiro bangalô – o quarto e último veio em 2011, junto com a piscina. Todas as etapas foram acompanhadas pelo designer e construtor Ricardo Salem, amigo dos donos do pedaço e autor também de boa parte dos móveis de madeira do refúgio. Ah, sim, a madeira. Ela está por toda parte no projeto.
–– (Evelyn Müller/Divulgação)
Eucalipto, itaúba e freijó são as estrelas da casa, que tem (poucas) paredes de alvenaria e (muitas) aberturas em locais estratégicos para as bem-vindas luz e circulação de ar. “Meu objetivo era usar o mínimo possível de energia elétrica, mesmo que ficasse mais escuro”, conta o morador sobre o pedido feito a Airton Pimenta, responsável pela luminotécnica. A influência regional aparece também na escolha do cimento queimado com pigmentos coloridos para o piso, bem como da cobertura de taubilha, material preferido dos habitantes locais décadas antes da chegada dos paulistanos. “Tudo aqui tem uma estética trancosense”, define Ricardo Salem.
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1/15 Um dos quatro bangalôs, sustentado por pilotis de itaúba: essa madeira é tão resistente que, em muitos lugares Brasiladentro, é usada para construir pontes. As paredes de tijolo ganharam reforço de freijó, material presente também nas janelas. (Evelyn Müller/Divulgação)
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2/15 Na suíte do casal de proprietários, o teto de taubilha ganhou forro com pintura branca, multiplicando a claridade natural. A cama com mosquiteiro também leva a assinatura do arquiteto Ricardo Salem. Piso de tábuas de tatajuba. (Evelyn Müller/Divulgação)
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3/15 O deck de eucalipto tratado em autoclave tem caibros que se encaixam com perfeição. Essa técnica antiga, que usa a ferramenta enxó e dispensa metais para montar as estruturas de madeira, foi aplicada em vários pontos da casa pelo artesão Eduardo Conceição Silva. Aqui, espaços de estar e de refeição ao ar livre se comunicam, sombreados pela cobertura também de eucalipto. (Evelyn Müller/Divulgação)
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4/15 A protagonista do projeto é a madeira, que na área social aparece representada pelo eucalipto usado nas pérgolas e na estrutura. Tudo muito aberto, para permitir que a brisa marinha alivie o calor típico da região. Devido à umidade, os vários blocos são elevados do solo, o que ajuda a arejar a construção. (Evelyn Müller/Divulgação)
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5/15 A pérgola com estrutura e cobertura de eucalipto, assinada por Paulo Milani, faz a ligação entre a parte mais antiga e a mais recente da casa, criando um ambiente de estar sombreado ao ar livre. Sem tratamento especial, o deck exibe o tom cinzento adquirido com o tempo. (Evelyn Müller/Divulgação)
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6/15 O projeto é cheio de varandas como esta, de 2,80 m de largura, com decks também de tatajuba. São espaços perfeitos para praticar ioga, como faz a moradora, ou curtir uma preguiça no sofá. Feito de eucalipto, o móvel é grudado à estrutura do guarda-corpo. (Evelyn Müller/Divulgação)
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7/15 Apenas 50 m de caminhada por dentro da mata (mas sem sair da propriedade) separam a casa do mar. (Evelyn Müller/Divulgação)
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8/15 Para o piso do banheiro, a proposta foi reproduzir o tom azul-esverdeado do mar de Itapororoca. A pia é de cimento branco. O móvel de madeira veio de Minas Gerais, bem como a moldura do espelho. (Evelyn Müller/Divulgação)
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9/15 A instrutora de ioga Taty Falcão e Bode, um dos cinco cães do casal, passeiam em meio aos 38 mil m² de mata nativaexistentes na propriedade. (Evelyn Müller/Divulgação)
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10/15 Construídos em diferentes etapas, estes dois blocos são dotados de patamares conectados ao deck único, que une o volume social (à dir.) e o dos quartos (ao fundo), com fachada pintada de amarelo (tinta à base de cal e águapigmentada). No jardim lateral, há espécies como orquídeas gigantes e clúsias. (Evelyn Müller/Divulgação)
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11/15 Sala de estar com décor e móveis assinados por Ricardo Salem, que propôs cores neutras. A cobertura de taubilhas (telhas rústicas de madeira muito usadas pelos moradores locais devido à sua abundância) não tem forro. As venezianas são de freijó e o piso de cimento queimado exibe suas manchas típicas, sem problemas. Repare nas luminárias de cobre (Lightworks). (Evelyn Müller/Divulgação)
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12/15 A piscina com pastilhas de 5 x 5 cm, construída a pedido dos filhos do proprietário, ocupa um recuo da vegetação que já existia. Assim, seus limites parecem avançar entre o maciço de palmeiras aricuri. (Evelyn Müller/Divulgação)
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13/15 Telhas coloniais de barro se fazem presente em alguns ambientes da casa, como nesta cozinha. Combinadas ao cimento queimado, cujas cores são alteradas com pigmento Pó Xadrez (Lanxess) ou elementos como óxido de ferro, elas resultam em espaços rústicos porém requintados. (Evelyn Müller/Divulgação)
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14/15 Com direito a uma rede estrategicamente posicionada para a sesta pós-refeições, a sala de jantar tem um antigo balcão de venda que aqui faz as vezes de bufê (à dir.). (Evelyn Müller/Divulgação)
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15/15 Na cozinha: O volume que acomoda esse ambiente veio na primeira fase do projeto, junto com dois quartos e uma sala de almoço. Aqui, ficam ainda varanda de refeições e lavabo. (Campoy Estúdio/Divulgação)