Casa à beira-mar ganhou janelões de vidro para valorizar a vista
No alto da encosta, a construção escura erguida décadas atrás ignorava a paisagem carioca, reconquistada após reforma que abusou de vidro e materiais claros
Se fosse possível apontar a razão do belo resultado obtido após a reforma desta casa – na encosta da praia da Joatinga, Zona Oeste carioca –, caberia dizer, talvez, que o processo todo transcorreu como um casamento feliz. Não um, aliás, mas vários. O casal de proprietários, afeito ao visual clean e avesso aos excessos, estabeleceu uma comunicação fácil e uma rica troca de ideias com a dupla contratada: a arquiteta Alessandra Riera e a designer de interiores Ana Paula Veirano, sócias no escritório RAP Arquitetura e Interiores.
Para além da parceria entre as duas, uma encarregada de projetar volumes, espaços e estruturas e a outra mais dedicada às minúcias típicas do mobiliário e dos objetos, contou mais uma peculiaridade da dupla: elas se formaram no Rio de Janeiro e, em certo ponto da carreira, fixaram bases também em São Paulo, acumulando expertise nos estilos de vida praiano e metropolitano. Só mesmo tanta complementaridade para explicar a discreta epifania ocorrida na visita para levantamento do local da obra. “Quando fomos vistoriar a casa pela primeira vez, a vista nos encantou.
Entendemos rapidamente que o projeto se voltaria para ela, o que iria brilhar ali era o mar”, explica Alessandra sobre as possibilidades de melhoria na edificação, parte de um conjunto de unidades implantadas lado a lado, geminadas. Já estavam incluídos nesses planos iniciais ajustes na distribuição (assim, o panorama entraria pelo máximo de ambientes da morada) e especificação de acabamentos e decoração clara, para não ofuscar a beleza do horizonte azulzinho ao alcance dos olhos – ideias alinhadíssimas com os desejos dos clientes.
E olha que o quebra-quebra empreendido a seguir não foi pequeno. Trocaram-se todas as instalações e acabamentos, o que poderia até abalar a relação. Basicamente, a equipe de arquitetura e design repaginou o andar inferior (ao todo são três, cravados num paredão rochoso) para instalar ali home theater e escritório e redesenhou as suítes do pavimento de cima, a primeira para os donos e a segunda para sua filha estudante.
No térreo, a área social perdeu em compartimentação a fim de despontar integrada e ampla. Nada disso seria possível sem remover um bocado de madeira escura, que carregava o visual. Foi assim que as vigas e o assoalho de um nível sumiram de cena, substituídos por laje. Com as esquadrias e guarda-corpos, igualmente pesadões, deu-se o mesmo (alumínio pintado de branco e vidro agora predominam). E quanta diferença! Para deleite de todos, a jornada se concluiu tranquilamente. Não houve festa, bolo ou brinde comemorativo, mas considerando-se a satisfação dos envolvidos, bem poderia.