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Casa à beira-mar ganhou janelões de vidro para valorizar a vista

No alto da encosta, a construção escura erguida décadas atrás ignorava a paisagem carioca, reconquistada após reforma que abusou de vidro e materiais claros

Por Joana L. Baracuhy
Atualizado em 9 set 2021, 11h14 - Publicado em 6 abr 2018, 10h00

Se fosse possível apontar a razão do belo resultado obtido após a reforma desta casa – na encosta da praia da Joatinga, Zona Oeste carioca –, caberia dizer, talvez, que o processo todo transcorreu como um casamento feliz. Não um, aliás, mas vários. O casal de proprietários, afeito ao visual clean e avesso aos excessos, estabeleceu uma comunicação fácil e uma rica troca de ideias com a dupla contratada: a arquiteta Alessandra Riera e a designer de interiores Ana Paula Veirano, sócias no escritório RAP Arquitetura e Interiores.

O acesso reposicionado à esquerda, agora mais estreito e convidativo, conduz à porta de entrada. Ganhou cobertura para proteger quem chega da chuva: chapas de vidro apoiadas em vigas de madeira que antes estruturavam o piso do andar inferior, lixadas e envernizadas. (Denílson Machado/MCA Estúdio)
Integrada à sala de jantar (ao fundo) e dotada de uma abertura a meia-altura que a comunica ao estar, a cozinha deixou de ser um ambiente confinado e escuro para fazer parte do dia a dia da casa. Um único material cobre todo o piso neste pavimento: Basic Travertino de 90 x 90 cm, da Solarium Revestimentos, com rodapé de MD F branquinho na área social. (Denílson Machado/Divulgação)

 

Para além da parceria entre as duas, uma encarregada de projetar volumes, espaços e estruturas e a outra mais dedicada às minúcias típicas do mobiliário e dos objetos, contou mais uma peculiaridade da dupla: elas se formaram no Rio de Janeiro e, em certo ponto da carreira, fixaram bases também em São Paulo, acumulando expertise nos estilos de vida praiano e metropolitano. Só mesmo tanta complementaridade para explicar a discreta epifania ocorrida na visita para levantamento do local da obra. “Quando fomos vistoriar a casa pela primeira vez, a vista nos encantou.

Também são claros os armários (Ornare) e a bancada (Technistone Crystal Diamond) especificados para a cozinha. (Denílson Machado/MCA Estúdio)

 

Entendemos rapidamente que o projeto se voltaria para ela, o que iria brilhar ali era o mar”, explica Alessandra sobre as possibilidades de melhoria na edificação, parte de um conjunto de unidades implantadas lado a lado, geminadas. Já estavam incluídos nesses planos iniciais ajustes na distribuição (assim, o panorama entraria pelo máximo de ambientes da morada) e especificação de acabamentos e decoração clara, para não ofuscar a beleza do horizonte azulzinho ao alcance dos olhos – ideias alinhadíssimas com os desejos dos clientes.

O jardim de inverno tem a função de iluminar sala de jantar e lavanderia, além de arejar (garante a ventilação cruzada). Daí os cobogós (Elemento V) e a janela neste ponto. (Denílson Machado/MCA Estúdio)
Uma claraboia (há outra no alto da escada) fica sobre o banheiro, espaço que ainda reflete os raios solares com seus acabamentos alvos. (Denílson Machado/MCA Estúdio)

E olha que o quebra-quebra empreendido a seguir não foi pequeno. Trocaram-se todas as instalações e acabamentos, o que poderia até abalar a relação. Basicamente, a equipe de arquitetura e design repaginou o andar inferior (ao todo são três, cravados num paredão rochoso) para instalar ali home theater e escritório e redesenhou as suítes do pavimento de cima, a primeira para os donos e a segunda para sua filha estudante.

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Uma abertura zenital banha de luz os dois andares. Graças às novas chapas de vidro incolor (temperado e com película de segurança, preso em perfis no piso e no teto), a claridade ainda atravessa da fachada até a entrada e vice-versa. (Denílson Machado/MCA Estúdio)

 

No térreo, a área social perdeu em compartimentação a fim de despontar integrada e ampla. Nada disso seria possível sem remover um bocado de madeira escura, que carregava o visual. Foi assim que as vigas e o assoalho de um nível sumiram de cena, substituídos por laje. Com as esquadrias e guarda-corpos, igualmente pesadões, deu-se o mesmo (alumínio pintado de branco e vidro agora predominam). E quanta diferença! Para deleite de todos, a jornada se concluiu tranquilamente. Não houve festa, bolo ou brinde comemorativo, mas considerando-se a satisfação dos envolvidos, bem poderia.

Em respeito ao protagonismo da vista, a suíte ganhou banheiro integrado dotado de portas de vidro jateado e banheira solta (modelo Los, da Doka), aberta à paisagem. Nesse trecho, o assoalho se desdobra num deck também de cumaru, resistente à água. (Denílson Machado/MCA Estúdio)

 

Na edificação vedada nas laterais, a fachada conquistou transparência e paredes internas caíram para luz e ar fluírem melhor. O novo jardim interno garantiu a necessária abertura na outra face. (Campoy Estúdio/Divulgação)
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