Portas deslizantes deixam este apartamento aberto quando convém
Num emblemático edifício paulistano, um jovem arquiteto reformou o apartamento de essência moderna para deixá-lo mais amplo e cheio de verde
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Produção Deborah Apsan | Texto Amanda Sequin
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5 fev 2018, 14h02 - Publicado em 30 out 2015, 09h00
Portas deslizantes deixam este apartamento aberto só quando convém (Fotos: Alain Brugier/)
Jovem arquiteto de ascendência oriental, Rogério Shinagawa passou a infância em São José do Rio Preto, SP. Seu jeito no trato com as plantas, herdado do avô, o levou a iniciar uma coleção de orquídeas ainda durante a faculdade, cursada em Campinas, também no interior paulista. Depois de formado, ele se mudou para a capital do estado e, anos mais tarde, passou a procurar um cantinho próprio. Foi nessa época que visitou amigos instalados no bairro de Perdizes e se interessou pelas áreas comuns de determinado edifício. “Eu me encantei pelo amplo jardim, algo bem difícil de encontrar no meio da metrópole. A unidade à venda tinha uma varanda ótima para as minhas flores, vista da copa das árvores…”, lembra.
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Ao receber a planta detalhando os 120 m² de área, descobriu que o prédio, dos anos 50, trazia a assinatura de Plínio Croce (1921-1984), Roberto Aflalo (1926-1992) e Gian Carlo Gasperini, sócios num escritório que ajudou a desenhar São Paulo nas últimas décadas. A construção em que comprara seu apartamento havia sido até mesmo premiada na IV Bienal de São Paulo, na categoria Habitações Coletivas, em 1957. Estava explicada a estrutura esguia e alta, que recebe boa insolação tanto na face leste, pela manhã, quanto à tarde, no lado oeste, através de janelas amplas. Erguido segundo o ideário modernista, o edifício-lâmina casou perfeitamente com o desejo do proprietário por ambientes arejados, funcionais e mutáveis.
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Com o auxílio da sócia, a arquiteta Eliana Corsini, Rogério concebeu a nova configuração do local: o aposento de serviço converteu-se em dois banheiros, um par de dormitórios transformou-se numa suíte, e um terceiro agora funciona como sala de TV ou quarto de hóspedes, já que persianas fazem as vezes da parede que veio abaixo. Portas de correr ou do tipo camarão isolam os cômodos quando convém, embora o morador prefira mantê-las abertas para encher a casa de luminosidade natural e avistar as plantas – sempre ao som de música tocando suavemente.
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1. Fechado ou aberto?
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1/9 Quando a ideia é isolar a cozinha, basta esticar os oito painéis do tipo camarão. Eles empregam freijó, madeira predominante no projeto. A tubulação que ficou à mostra após a demolição de uma parede foi encapada com chapa de aço pintada de amarelo. (Fotos: Alain Brugier)
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2. Aberto ou fechado?
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2/9 Quando a ideia é isolar a cozinha, basta esticar os oito painéis do tipo camarão. Eles empregam freijó, madeira predominante no projeto. A tubulação que ficou à mostra após a demolição de uma parede foi encapada com chapa de aço pintada de amarelo. (Fotos: Alain Brugier)
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3. A tão sonhada varanda
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3/9 Com deck de madeira, a varanda (pontuada por espécies tropicais e algumas frutíferas, além de uma coleção de orquídeas) funciona como extensão do estar. Na sala de jantar, a parede espelhada parece aumentar o tamanho da área social. (Fotos: Alain Brugier)
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4. Integração
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4/9 Da sala de estar, é fácil notar o caráter integrado do imóvel, que tem o piso da área social e íntima coberto por tacos de peroba-rosa restaurados. O forro de gesso foi unificado a 2,60 m de altura. (Fotos: Alain Brugier)
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5. Banheiro
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5/9 A área molhada da suíte, que ocupou parte da antiga dependência de empregada, foi elevada para embutir a rede de esgoto. O granito cinza corumbá confere uniformidade a paredes, piso e bancada. À dir. desta última, o vidro jateado dá privacidade ao compartimento da bacia sanitária. (Fotos: Alain Brugier)
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6. Quarto
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6/9 Dois cômodos se uniram para formar a suíte. O guarda-roupa de madeira entrou em cena a fim de ocultar um pilar e uma viga existentes neste ponto. Na face oposta, o armário de dupla face integra o closet. (Fotos: Alain Brugier)
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7. Home office
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7/9 No quarto, Rogério acomodou um pequeno escritório diante da janela que se abre à copa das árvores. (Fotos: Alain Brugier)
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8. Cinza predomina
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8/9 Na parede da cabeceira, o tom acinzentado (Sherwin-Williams, ref. cyberspace, SW 7076) dá mais profundidade ao espaço. (Fotos: Alain Brugier)
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9. O prédio
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9/9 Detalhe do edifício emblemático assinado por Plínio Croce (1921-1984), Roberto Aflalo (1926-1992) e Gian Carlo Gasperini, sócios num escritório que ajudou a desenhar São Paulo nas últimas décadas. (Fotos: Alain Brugier)