O volume no centro da planta é a grande estrela de uma reforma que reorganizou os ambientes e repensou seus usos, além de privilegiar a iluminação natural
Por Gabriela de Sanctis
Atualizado em 9 set 2021, 10h53 - Publicado em 4 jun 2018, 15h17
Apesar de não ser assim tão diminuto – afinal, podemos considerar 70 m² uma metragem farta em tempos de microapartamentos –, o layout original deste imóvel no Itaim Bibi, em São Paulo, não se adequava às necessidades dos proprietários, um casal jovem. Ele tinha o desejo de acomodar sua ampla coleção de livros, HQs, filmes e discos de vinil. Trabalhando em casa, ela, por sua vez, precisava de um escritório. Para tocar a obra, a dupla acionou a equipe do Pascali Semerdjian Arquitetos, que propôs uma solução inusitada: centralizar o quarto dentro de um volume de madeira. A ideia causou certo receio, pois, no final das contas, o dormitório não teria janelas, mas a solução se mostrou eficaz.
Além de abrigar a área íntima, o bloco organiza a circulação entre os cômodos e funciona como um núcleo polivalente, reunindo lavanderia, closet, armário e home office. A questão da luminosidade foi resolvida de forma simples, com a retirada dos caixilhos da varanda, integrada então ao restante da residência. “Dessa forma, conseguimos uma sala com iluminação generosa, que alcança inclusive o quarto”, conclui o arquiteto Domingos Pascali, um dos autores do projeto. Indiscutivelmente a grande estrela do pedaço, o quadrado de pau-ferro tem cortinas que permitem isolá-lo do restante. Para ajudar na hora de dormir, um blecaute escurece o interior e bloqueia um pouco o som, garantindo privacidade.
Do lado de fora, os outros ambientes distinguem-se visualmente pelo uso de cores e materiais diferentes. Na cozinha, destaque para os armários com pintura de laca vermelha-escura e para o painel de azulejos, enquanto salas de jantar e de estar exibem paleta de tons claros. Para arrematar, o piso de epóxi amarelo costura a composição. Por último, como evitar a bagunça num espaço compacto e aberto como este? “Os moradores possuem muitos objetos e nós tínhamos que encaixar cada um deles de maneira ordenada, nem tudo podia ficar à mostra”, conta o arquiteto Fábio Rudnik, outro integrante da equipe. Desenhada sob medida, a marcenaria explora cada nicho disponível sem se impor nas passagens, aproveitando as laterais com discretos armários brancos, mesma cor das paredes. Sim, coube até a casinha do cão Bruce, inserida num dente sem uso da planta original.