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3 perguntas para: Mike Reynolds

O arquiteto mundialmente conhecido por seu viés ecológico radical fala sobre seu projeto mais ambicioso, a Earthship

Por Por Gabriela de Sanctis
Atualizado em 9 set 2021, 13h22 - Publicado em 16 fev 2017, 15h13

Considerado o mestre da arquitetura sustentável, Mike Reynolds virá ao Brasil para realizar um ciclo de palestras sobre a concepção da arquitetura “Earthship”. Tais construções utilizam materiais não convencionais em sua estrutura (como latinhas, pneus, garrafas, baterias e outros). Para se inscrever no evento, basta acessar o site: www.palestramikereynolds.com.br/home. O evento acontecerá nos dias 23 e 24 de março, em Ribeirão preto (SP).

Reynolds já encabeçou vários projetos que respeitam o meio ambiente em todo o mundo, o mais recente deles foi a primeira escola sustentável da América Latina, que fica no Uruguai. Confira a seguir uma pequena entrevista com o arquiteto, que explica os conceitos e vantagens desse modelo de obra.

 

Qual é o conceito do projeto “Earthship” e suas técnicas de construção e como ele influencia o bem-estar ambiental?

O conceito é que não estamos simplesmente construindo casas, estamos construindo uma “cápsula” e essa cápsula encontra o fenômeno do planeta para prover sustentabilidade para as pessoas. As pessoas precisam atender a seis pontos que chamamos de seis pontos sustentáveis que são: água, abrigo confortável sem combustível, uso de energias renováveis, alimentação, tratamento de esgoto e o que fazer com lixo. Toda cápsula precisa atender aos seis pontos e o conceito do projeto Earthship deve cuidar desses seis pontos sem infraestrutura.

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Que tipos de materiais são usados nessas construções e qual é a diferença entre eles e os matérias mais comuns?

Trabalhamos com materiais que também são utilizados em construções comuns, mas também usamos materiais reciclados. Consideramos coisas chamadas de “lixo” como recursos naturais do planeta, então utilizamos qualquer tipo de material nocivo para o planeta. Pneus de carros, latas, garrafas de plástico e vidro são, na verdade, nocivos para o planeta, então utilizamos esses materiais assim como cimento, madeira e pedra. Usamos todos juntos, em outras palavras, esses materiais que as pessoas chamam de “lixo” ou materiais reciclados, são, para nós, materiais naturais do planeta, que nascem aqui, como qualquer outro material.

Você acredita ser importante que os futuros arquitetos pensem mais na arquitetura sustentável?  

Acredito que arquitetos precisam se afastar um pouco da definição clássica de arquitetura porque estamos em uma era em que as construções precisam cuidar das pessoas e esse tipo de construção sem infraestrutura, porque ela está destruindo o problema. Gostaríamos que toda construção fosse sustentável, a ponto de, totalmente, prover para seus habitantes tudo o que precisam. É isso que torna as nossas construções uma espécie de “cápsula” –  do que uma construção no sentido literal. Uma cápsula que vai para o espaço precisa prover tudo o que as pessoas que estão dentro dela necessitam. Uma cápsula vai para o mar também. Estamos olhando para a moradia agora como uma cápsula independente que mostra as necessidades das pessoas. Queremos que a arquitetura tradicional também passe a enxergar dessa forma.

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