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Na rota da madeira: o caminho da ilegalidade da matéria-prima

Ainda há muito a ser feito para reduzir a clandestinidade das toras e seus danos. Você já parou para pensar que pode ser parte dessa história?

Por Giuliana Capello
Atualizado em 9 set 2021, 12h43 - Publicado em 12 jul 2017, 15h46

A Floresta Amazônica está mais ligada a nós do que a geografia pode sugerir. Ela é hoje o principal alvo de exploração madeireira no Brasil, já que seus maiores consumidores – as regiões Sul e Sudeste do país – esgotaram suas vegetações nativas (de peroba-rosa e pinho-do-paraná, sobretudo) e recorrem ao território para suprir a demanda.

Sim, há ainda matas plantadas, especialmente de eucalipto e pínus, mas grande parte delas abastece empresas de celulose e papel e siderúrgicas.

Pura inspiração: casa sustentável se adapta a todas as estações
Autor da obra, o Studio MK27 adotou as regras ecológicas pautadas pelo Green Building Council Brasil para a construção deste refúgio em Catuçaba, no interior de São Paulo.Em Catuçaba, no interior de São PauloEm Catuçaba, no interior de São PauloEm Catuçaba, no interior de São Paulo (Foto: Fernando Guerra)

Do piso da sala às fôrmas empregadas na obra… Difícil encontrar quem não tenha madeira em casa. Por isso mesmo, combater a derrubada criminosa e as fraudes hoje envolvidas nessa cadeia é tarefa de todos: significa manter a floresta de pé em tempos de mudanças climáticas e não apoiar via consumo um negócio bilionário que envolve corrupçãotrabalho escravo, conflitos fundiários e sonegação de impostos.

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“Cerca de 80% da produção amazônica é ilegal e isso torna enorme o risco de uma pessoa levar esses cortes para casa”, afirma Aline Tristão, diretora executiva do Conselho de Manejo Florestal (FSC), a principal entidade certificadora no país, que atesta a origem responsável da matéria-prima florestal, do cultivo à venda – indo além da chancela da legalidade.

(Divulgação/Arquitetura e Construção)

O primeiro passo é entender esse complexo mercado

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A produção brasileira de madeira é monitorada pelo Documento de Origem Florestal, o Sistema DOF, e pelo novo Sinaflor (em implantação até dezembro deste ano), do governo federal, além de duas versões do sistema Sisflora, usadas pelos estados do Pará e Mato Grosso.

“O controle é bastante sofisticado, mas os fraudadores sempre descobrem meios de ‘lavar’ a madeira”, diz Mauricio de Moura Costa, diretor da Bolsa de Valores Ambiental (BVRio, plataforma para compra e venda de madeira legal rastreada). Ele se refere a um efeito perverso da informatização: possibilitar que os lotes ilícitos cheguem ao consumidor com documentação aparentemente regular.

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“Para evitar riscos, muitas construtoras substituíram o material por cerâmica no revestimento e alumínio e PVC em portas e janelas. Mas isso mata a economia da floresta, a qual precisa se fortalecer para combater o desmatamento, arrecadar impostos e gerar empregos”, alega Moura Costa, autor de um relatório recente da BVRio que traça um diagnóstico amplo e propõe bancos de dados para inibir a clandestinidade.

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