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Madeira de demolição em quatro versões

Uns atribuem seu sucesso à qualidade e ao apelo ecológico do reúso. Outros mencionam a exclusividade das marcas do tempo na superfície. A popularidade é tanta que levou a indústria a adotar o visual antigo em acabamentos como cerâmica e vinil. Mas sobram algumas perguntas: afnal, de onde vêm as peças originais? Como fazer uma boa escolha e cuidar para durarem ainda mais? Veja as respostas a seguir.

Por Texto Giuliana Capello | Produção Deborah Apsan
Atualizado em 9 set 2021, 14h02 - Publicado em 19 abr 2016, 19h35

Já sabemos: madeira legal é aquela que tem, no mínimo, o Documento de Origem Florestal (DOF), emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O atestado dá ao consumidor a garantia de que o produto não resulta do corte descontrolado de árvores. Nos últimos anos, com o crescimento da procura por materiais de baixo impacto ambiental, surgiram selos que oferecem mais pistas sobre o caminho dessa matéria prima até nossa casa. 

Mas e no caso das peças de demolição? Como saber de onde vieram? “A procedência é duvidosa, pois não existe um sistema de certificação para elas. O Ibama não exige qualquer tipo de cadastro”, afirma Marcio Nahuz, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Por isso, como ele indica, deve-se escolher um fornecedor sério, com boa reputação. Nesse sentido, algumas informações prévias importam: o IPT considera madeira de demolição aquela que compôs a estrutura de algum edifício (servindo de viga, caibro, ripa ou assoalho) que tenha sido simplesmente desmontada. 

Grande parte dessas situações ocorre hoje no Sul do Brasil. “Muitas casas e galpões de antigas fazendas de café no Paraná e em Santa Catarina estão sendo derrubadas para dar lugar ao plantio de álcool e soja”, conta Marcílio Marques, diretor comercial da Vitrine, loja que incluiu a peroba e a canela (as mais comuns) em seu catálogo. “Até a década de 60, usavam-se menos espécies na construção civil, o que explica a pouca variedade hoje”, complementa Marcio Nahuz, somando ao seleto grupo o ipê e a aroeira

E quanto à autenticidade? “Um jeito de checá-la: pedir à fábrica para visitar o estoque e observar o estado original das tábuas. Elas chegam com pregos, vestígios de tinta e marcas”, sugere Sérgio Fuzaro, proprietário da Ouro Velho, uma das pioneiras na comercialização. Questionar a procedência e pedir documentos (fotos e atestados da demolidora, entre outros) também ajudam. “Vale ainda confirmar se a marca permite ao cliente acompanhar algumas etapas de transformação do material”, completa Sérgio. Isso evitaria o engano de adquirir exemplares trabalhados para parecerem antigos. 

Empresas interessadas em aumentar a credibilidade e conquistar um diferencial nesse mercado podem recorrer à certificação voluntária do Conselho de Manejo Florestal (FSC). “Quem já tem o selo ou trabalha exclusivamente com madeira de demolição passa por uma auditoria e inclui uma certificação específica para materiais recuperados, mais comum entre as indústrias de papel e papelão”, afirma Guilherme Stucchi, do Imafora, uma das principais certificadoras do país. 

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Com o aumento da demanda e a redução dos estoques, o consumidor já sente a alta nos preços. “Essa matéria-prima dá trabalho, pois precisa ser beneficiada até virar tábuas com largura e espessura padronizadas, além de ser de ótima qualidade e naturalmente resistente a cupins e brocas”, justifica Jessé Lopes, gerente da Aroeira. Para reduzir o desperdício, muitas empresas vendem as réguas em larguras variadas. “Dá um efeito ainda mais rústico e interessante”, afirma a arquiteta Marta Sá Oliveira. 

FIQUE DE OLHO

Cruzetas, dormentes e postes de iluminação: use só em áreas externas

“Por terem ficado expostos ao tempo, é grande a chance de estarem impregnados com creosoto, produto tóxico derivado do alcatrão, injetado sob pressão na madeira para aumentar sua durabilidade”, alerta Marcio Nahuz.

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À prova d’água

“Para a madeira não apodrecer, é essencial protegê-la da umidade”, sentencia Marcio Nahuz. Há diversos tipos de ceras e vernizes. A escolha depende do local da instalação e do resultado estético pretendido (natural, fosco ou brilhante). “No piso do estar, pode-se passar só cera de carnaúba. mas áreas externas pedem resina com filtro solar”, recomenda Sérgio Fuzaro.

Limpeza segura

Nem pense naquele pano molhado! Evite qualquer contato com a água. “Depois de varrer ou aspirar o pó, use pano levemente úmido, quase seco. a sujeira ou alguma mancha pontual saem com palha de aço, recurso que funciona muito bem nessas situações”, ensina Sérgio Fuzaro. De tempos em tempos, sempre na superfície já limpa, aplique cera ou verniz seguindo a indicação do fornecedor.

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