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Luminária, do estúdio paulista YTA°. Homenagem aos itens presentes nos canteiros de construção brasileiros, a coleção Pau pr’a Toda usa bloco de concreto, pínus e parafusos galvanizados em peças como a lanterna Concreta (33 cm de altura), com lâmpada filamentada.
(Foto: Divulgação/)
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Se o desenho é da natureza do ofício, natural que ele se desdobre para além dos grandes planos e edifícios e encontre nos móveis outra boa expressão. Nesta reportagem, conheça o trabalho de profissionais de traço versátil, cujos objetos e móveis não abandonam a memória arquitetônica e seus materiais de base.
1/27 Três vertentes equilibram o dia a dia do YTA°, em Ribeirão Preto, SP: arquitetura, design e empreendimentos. “Criar objetos sempre foi parte integrante dos trabalhos da equipe. Essa complementação permite peças com mais conceito”, afirmam as proprietárias Paula Russo (na foto, de branco) e Giovana Barruffini, que atuam ao lado dos sócios Caio Drusus, Carol Capaneli e João Oficiati. Parte desse conceito é buscar a alma dos acabamentos, desnudados em sua materialidade, como pode ser visto nas duas próximas fotos. (Foto: Sofia Fucchi) 2/27 Luminária, do estúdio paulista YTA°. Homenagem aos itens presentes nos canteiros de construção brasileiros, a coleção Pau pr’a Toda usa bloco de concreto, pínus e parafusos galvanizados em peças como a lanterna Concreta (33 cm de altura), com lâmpada filamentada. (Foto: Divulgação) 3/27 Finalizado em 2015, este bar em Ribeirão Preto, SP, o Weird Barrel Brewing, assume a arquitetura bruta e exposta característica do YTA°, representada pelos tijolos aparentes. Muita coisa foi reaproveitada, da estrutura de madeira e aço ao mobiliário. (Foto: Andrá Paterlini) 4/27 Para os arquitetos Paula Bartorelli e Fabio Dias Mendes, do BM estúdio, em São Paulo, uma construção bem resolvida funcionalmente combina de forma elegante áreas ocupadas com trechos livres. Essa visão contamina o mobiliário assinado pela dupla do BM estúdio, caso do Módulo Trinca (foto seguinte), sua principal criação. “Ele pode ser comparado a um pequeno edifício, no qual são solucionadas as questões de uso, técnica construtiva e mistura de materiais”, define Paula. Não por acaso, aço e madeira, tão caros a qualquer obra, aparecem como parceria imbatível, equilíbrio entre resistência e acolhimento. (Foto: Lufe Gomes) 5/27 A coleção Trinca surgiu a partir de uma peça de apoio solitária como esta, feita de madeira e vergalhões de aço em modulação de 36 x 36 cm. (Foto: Lufe Gomes) 6/27 No ambiente assinado pelo BM estúdio, peças da linha Trinca se combinam até preencher toda a parede, alternando nichos vazados e partes fechadas, com direito a mesa de trabalho retrátil. (Foto: Lufe Gomes) 7/27 Há 12 anos, Rodrigo Simão, de Petrópolis, RJ, experimentou criar seu primeiro móvel, reaproveitando paletes. “Desde então, me vi entusiasmado pela possibilidade de dar novo destino a materiais reservados ao lixo, já que disponho de muito resíduo das minhas obras”, conta ele, que tem na arquitetura e na construção suas principais atividades. “Considero o design o aprofundamento do ofício. Gosto especialmente de desenhar luminárias e mesas de jantar”. Material preferido? A madeira. “Temos aqui no Brasil algumas das melhores espécies do mundo”. (Foto: Pedro Bernardes) 8/27 Em sua própria residência, a Casa Samambaia, em Petrópolis, RJ, Rodrigo Simão buscou preservar o relevo do terreno, as pedras e as árvores locais. Entre os acabamentos, predomina a peroba de reúso. (Foto: Andre Nazareth) 9/27 Eleita pelo Prêmio Internacional Objeto: Brasil 2016, a cadeira Sol recicla madeiras nobres, que são laminadas e coladas para formar um corpo único de 72 x 84 cm. (Foto: Antônio Garcia) 10/27 Quando começou, em 2002, o SuperLimão Studio refrescou o design nacional com móveis sustentáveis e de visual contemporâneo bolados a partir de materiais como papelão prensado e bobinas de papel. Logo após 2006, o traço se estendeu aos projetos de grande escala, não menos surpreendentes. “Nunca abandonamos a vocação experimental. Dá trabalho considerar cada detalhe de forma única, mas é como ficamos felizes”, diz Antonio Carlos Figueira de Mello, sócio ao lado de Lula Gouveia e Thiago Rodrigues à frente da equipe de mais de dez pessoas. (Foto: Divulgação) 11/27 Com 6 m de altura, a fachada para a loja do designer Fernando Jaeger, em São Paulo, partiu de uma cadeira da própria marca para bolar a composição colorida de placas de ferro vazadas. (Foto: Divulgação) 12/27 Cadeira A Coisa Portuguesa: pedras descartadas em uma obra do escritório foram reaproveitadas no contorno da peça de 40 x 75 cm. (Foto: Divulgação) 13/27 Tentar equilibrar lógicas opostas como o punk e o clássico é algo que faz parte do processo do paulistano Gabriel Valdivieso. “A linha de base é sempre simples, reta. Ela se beneficia da madeira e da neutralidade do preto, mas também tenho projetos ricos em texturas e cores, cheios de informação”, define-se Gabriel, que passou ao mobiliário como uma maneira de explorar caminhos criativos, testando texturas como as da laca, do latão e também gravações a laser. Na coleção a seguir, seus móveis sugerem o uso misto, em sintonia com os anseios contemporâneos. (Foto: Gui Gomes) 14/27 Neste apartamento assinado por Gabriel, a cozinha vista da sala ganhou azulejos da Lurca. No piso, cimento queimado. (Foto: Cacá Bratke) 15/27 Na coleção Base, Gabriel Valdivieso oferece peças híbridas, com partes intercambiáveis que cumprem funções domésticas e de trabalho: a base do armário é também um criado-mudo; a da biblioteca, aparador; e a mesa, um protótipo extensível. (Foto: Marcos Cimardi) 16/27 Além da madeira – a arquiteta fez até um curso de marcenaria – Diana Albuquerque é apaixonada pelas misturas, o que fica evidente em suas composições geométricas e híbridas. “Gosto de mesclar materiais leves e pesados; nobres e baratos, como itens descartados”, descreve ela, sócia do escritório Tree arquitetura design, em São Paulo. A aposta transparece em todo o seu trabalho, do edifício ao objeto. “O arquiteto deve saber projetar em qualquer escala. No mesmo dia em que penso a reforma de um apartamento, também desenho uma bandeja.” Em 2011, resolveu desenvolver linhas próprias de mobiliário, que encontram fácil lugar de diálogo em suas obras, caso da sala de jantar da próxima foto, onde o painel fixo brinca com a profundidade de formas e faz pano de fundo para o pendente de cobre e para a mesa de metal. (Foto: Maíra Acayaba) 17/27 Neste ambiente assinado por Diana, o pendente bolado em parceria com Lula Gouveia conecta tubos de cobre sem pesar o visual, mesmo feito da mesa de jantar, estruturada com vigas de madeira de demolição e tampo de chapa metálica. Ao fundo, o painel fixo joga com assimetrias. (Foto: Maíra Acayaba) 18/27 A bandeja faz parte da linha Tangram, também formada por mesas de centro e de escritório. Inspirado no jogo japonês, o desenho reúne diferentes formas, tamanhos e materiais (madeira bruta em ripas, metal colorido, vidro e bronze) numa única peça. À venda na loja Carbono. (Foto: Leka Mendes) 19/27 A clareza é uma virtude não apenas cara à arquitetura, mas também ao design. “No meu caso, busco a franqueza e a simplicidade de formas e volumes, deixando evidentes a intenção e o motivo por trás do desenho”, afirma o arquiteto Henrique Gabbo Torres, sócio também do Garupa Estúdio, fundado em 2012, em São Paulo, em parceria com Nadezhda Mendes da Rocha. Para tal intento, o jovem apoia-se em materiais como o metal e a madeira – ou nos dois juntos. “Acho interessante a mistura entre os apelos industrial e artesanal de ambos”. (Foto: Divulgação) 20/27 Projeto de Henrique Gabbo Torres e Nadezhda Mendes da Rocha, o banco Bento, de 30 x 30 x 30 cm, surgiu da tentativa de traduzir aspectos do imaginário popular brasileiro. Feito de chapa de aço dobrada e soldada com pintura eletrostática e automotiva. (Foto: Divulgação) 21/27 O desenho de mobiliário fez parte do projeto do restaurante Tuju, em São Paulo, marcado pela transparência dos espaços e pelo emprego de estrutura de aço, painéis pré-fabricados, fachadas duplas em placas modulares de policarbonato alveolar e caixilhos metálicos. (Foto: Pedro N. Prata) 22/27 Nascido em Belém, PA, e formado em arquitetura, Lucas Neves procurava um dia a dia que unisse arte, criação, trabalho manual e intelectual. Encontrou-o no desenho de mobiliário e fundou a Arbol Design. Ferro e sobretudo madeira estruturam suas peças, todas executadas por ele mesmo no ateliê estabelecido em Jundiaí, no interior de São Paulo. “Após um curso de marcenaria, percebi que não vivo mais sem esse fazer. A madeira é viva e versátil, matéria-prima fascinante”, revela o autor de itens como o balanço Gota (próxima imagem). (Foto: Divulgação) 23/27 Balanço Gota: esqueleto de barras de aço e assento de madeira na peça escultural de 60 x 60 cm e 2,78 m de altura total. (Foto: Danilo Pontes) 24/27 Inaugurado este ano, o Veleta Café, em Jundiaí, SP, tem projeto de Lucas Neves a partir de peças garimpadas. “Os tijolinhos, por exemplo, vieram de uma casa demolida, datada dos anos 40”, diz o arquiteto. (Foto: Paula Monroy) 25/27 Problemas na obra nunca meteram medo no arquiteto paulistano Rodrigo Ohtake. Foi por causa de um deles que surgiu seu primeiro móvel – uma peça multifunção pensada para resolver a sala retangular que estava reformando na época, há dez anos. “Desde então, tenho usado o design para tornar os espaços únicos e marcar minha autoria”, afirma. Mas não só: o traço evoluiu e ele topou criar para feiras de design como a Made, em São Paulo. “Apesar de tentar desvincular as duas práticas, vejo similaridades no meu processo em ambas: o viés intuitivo e a predileção por materiais como o concreto e o metal”. (Foto: Divulgação) 26/27 Os móveis de Rodrigo nascem de maquetes, como o balanço BC, de 1 x 1,60 m, feito de tubo de aço e vendido pela Donaflor Mobília. “É como se estrutura e assento fossem uma coisa só”, define Rodrigo. (Foto: Divulgação) 27/27 A cobertura curva do Espaço Alana, no Jardim Pantanal, em São Paulo. Concluído em 2015, o projeto de 2 mil m² conta com escola de música, biblioteca, ambiente para a associação local, refeitório e brinquedoteca. (Foto: Divulgação)