Continua após publicidade

3 perguntas para: Kengo Kuma

O renomado arquiteto japonês visitou o Brasil esta semana para acompanhar as obras da Japan House e fala sobre as tendências para a arquitetura

Por Por Gabriela de Sanctis
Atualizado em 9 set 2021, 13h25 - Publicado em 8 fev 2017, 17h43

Kengo Kuma formou-se em arquitetura pela Universidade de Tóquio, em 1979, e também foi pesquisador convidado da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. Considerado um dos mais importantes nomes da arquitetura japonesa contemporânea, Kuma se baseia nos princípios tradicionais de sua cultura para dar vida à projetos que apresentam, em geral, muita madeira e técnicas artesanais de construção. Em sua visita ao Brasil, o arquiteto falou à Revista A&C sobre o projeto da Japan House, uma iniciativa do governo japonês, que será inaugurada em maio, na Av. Paulista. Além disso, o arquiteto também respondeu algumas perguntas sobre o futuro da arquitetura e seus desafios. Confira a seguir:

Para você, qual é a próxima tendência para a arquitetura levando em conta estilos e técnicas de construção?

Antes, no século 20, as bases para a construção de uma grande cidade eram a motorização e a verticalização, daí o surgimento dos grandes arranha-céus. Mas hoje, em geral, as pessoas têm preferido levar suas vidas em escalas menores e mais intimas usando materiais naturais. As pessoas gostam de sentir a natureza próxima, mesmo nas grandes cidades. E, para esse tipo de demanda, os materiais têm se tornado mais importantes do que antes. Há uma razão pela qual nós usamos hinoki (um tipo de madeira japonesa) na construção da fachada da Japan House aqui em São Paulo, e porque escolhemos usar um papel especial para moldar alguns detalhes da decoração interna. Esses materiais naturais podem salvas as pessoas do estresse social.

Quais são os novos desafios para os arquitetos em relação ao planejamento urbano?

Continua após a publicidade

Nós temos tentado criar as famosas “cidades compactas”. Uma cidade compacta é um novo tipo de estilo de vida, em que basicamente as pessoas andam pela cidade sem nenhum tipo de suporte mecânico. E, através desse novo de estilo de vida, nós poderemos economizar energia e resolver parcialmente problemas ambientais. Então, o design urbano do século 21 deve mostrar esse novo estilo de vida. E posso dizer que São Paulo também vem tentando alcançar esse modelo com novos desenhos de ruas e calçadas, que hoje tem desníveis entre elas, mas futuramente a ideia é que tudo seja plano. Esse método de design pode mudar a atmosfera da cidade totalmente, passando de espaços motorizados para espaços que facilitam o trajeto de pedestres.

O que você acha da arquitetura da cidade de São Paulo e o que você apontaria como semelhança entre as arquiteturas japonesa e brasileira?

Eu acho que há muitas diferenças, mas também muitas semelhanças entre as arquitetura japonesa e brasileira. Eu tenho simpatia pela arquitetura de São Paulo por conta do relacionamento entre o interior e o exterior. Não há uma separação entre a arquitetura do centro e dos bairros, há uma continuidade e essa é a base do design urbano dessa cidade. No Japão nós também temos essa continuidade entre o “interior e o exterior”, temos isso em comum. É totalmente diferente de cidades americanas. O interior e o exterior das cidades americanas são completamente divididos. Em São Paulo e Tóquio, por exemplo, as pessoas aproveitam a vida urbana, essa é uma semelhança e a base desse estilo de projeção urbana. 

Publicidade