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Residência com brises metálicos integrada ao jardim

O brise metálico amarelo-ovo preserva a intimidade dos moradores e dá forte identidade à casa de vidro e concreto paulistana

Por Texto Denise Gustavsen | Visual Deborah Apsan
Atualizado em 9 set 2021, 14h06 - Publicado em 26 fev 2016, 17h52

Urbana da gema, esta casa é ensolarada por natureza. Tanto faz se o céu está limpo ou nublado: na residência desenhada por Vanessa Féres, a luz sempre aparece. A mágica vem do brise amarelo, que resguarda a área íntima e irradia luminosidade pelos ambientes ao sabor das oscilações da claridade natural. Lá fora, seu caráter enérgico, intrigante até, capta o olhar de quem segue pelas ruas da vizinhança na capital paulista. A inspiração veio da sentença de um mestre. “De um traço nasce a arquitetura. E, quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte”, dizia Oscar Niemeyer (1907-2012). “Investi nessa ideia desde o primeiro momento, aliando-a a materiais de fácil manutenção, compatíveis com o jeito de viver atual”, enfatiza a arquiteta. 

Acostumada a imaginar seus projetos solitária, na calmaria do lar, longe do escritório, desta vez Vanessa riscou as primeiras linhas num guardanapo de papel numa cafeteria. Queria fugir de uma tarde doméstica particularmente caótica. Entre goles de café, o quebra-sol colorido brotou como elemento gráfico capaz de fazer contraponto ao concreto cru. Além da função estética, a estrutura se encarregaria de zelar pela luz, segurança e privacidade da família. “Imaginava uma construção blindada, mas sem a incômoda sensação de clausura”, afirma. Mais tarde, quando apresentou a proposta aos clientes, a futura moradora morreu de amores pelo painel. E o marido, que chegou atrasado ao encontro, acabou se rendendo à sugestão. 

A arquiteta conhece bem o jovem casal e sabia que poderia testar, com eles, alguns limites. Já havia tocado a reforma do antigo apartamento da dupla. Sua nova ousadia venceu qualquer traço de conservadorismo que pudesse restar da empreitada anterior e alcançou os muros negros, a ala social envidraçada inteiramente conectada ao jardim e a bela piscina de pedras escuras, palco de brincadeiras dos dois filhos pequenos e de uma labradora. Nem mesmo o par de volumes sobrepostos que constitui a obra foi alinhado. Em balanço, o superior cobre a varanda da churrasqueira. Contudo, basta escancarar as portas de correr de vidro para os espaços se transformarem num único e aprazível ponto de convívio familiar, no qual as fronteiras entre interior e exterior inexistem e a vida ganha outros contornos.

Assim, sem pedir licença, a natureza se insinua livremente pelas salas, costuradas por um extenso painel de madeira. A brisa corre solta por ali. Não poderia ser diferente nesta morada tão viva, que respira por todos os poros.

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