Casa só parece fechada: a área social é toda aberta para o jardim
A sensação de esta morada ser térrea e escura se desfaz ao adentrá-la, quando o patamar mais baixo surge e grandes painéis de vidro exibem o jardim
O lote ainda estava ocupado pela construção antiga e o casal de profissionais do mercado financeiro hesitava em se decidir pela compra quando a arquiteta Chantal Ficarelli mostrou um esboço daquilo que imaginava para o terreno.
Os dois reagiram com surpresa e certa incredulidade. “Aquilo vira isso?!”, perguntou o atual morador, descrente do potencial da morada feiosa, nas palavras dele, e mal distribuída.
“O que interessava aqui era a vista”, diz Chantal, que acompanhou os clientes nas visitas às casas promissoras e também analisou algumas que haviam sido anteriormente descartadas.
Entre essas últimas, estava a que saiu de cena para dar lugar ao novo endereço da família. Dela, sobrou apenas a fundação. O declive acentuado, longe de ser um problema, influenciou a planta.
“Ela acontece em dois momentos. No nível da rua, encontram-se os principais ambientes. O pavimento inferior, que ocupa o desnível, concentra a área de lazer, ligada ao jardim”, explica o arquiteto Tito Ficarelli, irmão de Chantal, com quem assina o projeto de arquitetura.
A tal vista que justificou todo o negócio se impõe assim que o hall de entrada fica para trás: ao mirar em direção ao jardim, vê-se a estrutura do telhado de duas águas desenhando um enquadramento que inclui o céu, a copa das árvores e o gramado, tudo numa mesma moldura.
“Jamais conseguiríamos valorizar a paisagem da mesma forma com uma laje plana”, fala Tito. “Por isso, preferimos trabalhar com volumes mais diversificados, em vez de apostar todas as fichas apenas no caixilho reto de 6 x 10 m. Claro que ele daria uma caixa linda, mas não funcionaria para as pessoas, não proporcionaria conforto”, defende.
Conforto e acolhimento eram qualidades desejadas pelo casal, que planejava ter mais um filho e gostaria de acomodar os parentes do Sul com mais privacidade.
Pois desde novembro, quando terminou a obra de dez meses, a família já veio se hospedar e o filho mais velho comemorou seu quarto aniversário com os amigos da escola. “A casa passou no teste. Estamos apaixonados, ela é linda de morrer”, declara-se o dono.