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Casa simples de manter e acessível para moradores da 3ª idade

O casal Maria Helena e Hélio Carneiro viu nascer em cinco meses a morada de 140 m² fácil de cuidar e com tudo o que é preciso para viver de modo confortável

Por Deborah Apsan (visual) e Cristiane Teixeira (texto)
Atualizado em 26 fev 2024, 13h54 - Publicado em 3 jul 2017, 01h00

Em fevereiro de 2014, este terreno de mil metros quadrados não passava de um trecho de Mata Atlântica num condomínio na Serra da Cantareira, área de proteção ambiental a 40 quilômetros do centro de São Paulo. Menos de seis meses depois, a residência construída nele pelo arquiteto Hélio Carneiro recebia a mudança de seus pais, Maria Helena e Hélio.

Tão positivo como o cronograma bem-sucedido foi o compromisso de preservar 75% da vegetação nativa (o que também jogou a favor do calendário, pois agilizou a aprovação do projeto na Secretaria do Meio Ambiente – SMA).

Sob o telhado, a faixa de chapas de compensado perfurado e pintado de roxo ajuda a expulsar o ar quente do interior. Uma tela barra os insetos. (Evelyn Müller/Divulgação)

O rigoroso planejamento garantiu o resultado da empreitada, segundo o arquiteto: “Levei três meses desenhando e mais um para programar os trabalhos”. Entre os desafios, estava criar um espaço acolhedor e seguro, de conservação simples e manutenção esporádica.

As pedras que vieram à tona após a limpeza do lote demoveram o arquiteto de criar um estacionamento neste local, cuja topografia foi preservada. A passarela suspensa conduz da rua à porta, recortada no painel de pínus autoclavado e envernizado que reveste parcialmente a fachada. O piso inferior aproveita o declive. (Evelyn Müller/Divulgação)

“O antigo sobrado da família se tornou inviável por causa de problemas de saúde do meu pai”, lembra o rapaz, que concebeu uma proposta sob medida para a atual fase de vida do casal. Aqui, os cômodos mais utilizados se concentram no térreo, livre de degraus e desníveis; as passagens extrapolam a medida-padrão; e o piso antiderrapante previne escorregões.

Por questão de economia e estilo, o arquiteto especificou caixilharia de madeira (itaúba tratada). Ele afirma, no entanto, que o ideal seria investir no PVC ou no alumínio, “que oferecem melhor vedação, porém são mais caros”. (Evelyn Müller/Divulgação)

Com orçamento engessado e prazo apertado, o arquiteto encontrou a solução para as demandas no steel frame, sistema que utiliza painéis de aço perfilado como estrutura de paredes externas e internas.

“Por ser industrializado, esse método permite construir rapidamente e com o mínimo de desperdício e entulho. Mas é preciso ter muito cuidado no cálculo estrutural e projetar pensando nas características específicas dos componentes.” Isso significa, por exemplo, definir os vãos de acordo com a modulação disponível.

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Leia mais: Adeus, tijolo!

“Também pressupõe eliminar do canteiro tudo o que é artesanal”, aponta Hélio, que seguiu quase à risca esse receituário. Como as exceções estavam programadas, não prejudicaram o andamento da construção. Uma delas foi recorrer a vigas metálicas na sustentação de cozinha e sala de jantar. “O steel frame possibilita o vão máximo de 1,20 metros, e eu desejava mais do que isso”, justifica.

A maior parte da fachada principal recebeu tinta elastomérica (Metalatex Elastic, da Sherwin-Williams, no tom concreto intenso), que suporta as dilatações e contrações da parede sem trincar. (Evelyn Müller/Divulgação)

O outro desvio, a adoção de telhado com estrutura de madeira, relaciona-se à busca de uma atmosfera de casa de campo. O cronograma consistiu em duas fases. Os 60 dias iniciais comportaram a limpeza e a regularização do terreno, o esgoto primário (fossa séptica e filtro anaeróbio), a fundação e a cobertura de grama.

Nos três meses seguintes vieram o steel frame, a elétrica, a hidráulica, o fechamento das paredes, o telhado e os revestimentos. “Enquanto a primeira etapa acontecia, produziam-se os painéis de steel frame e os outros elementos”, conta o profissional.

Toda envidraçada, a face de trás da área social se beneficia de muita luz natural. (Evelyn Müller/Divulgação)

Instalada antes do término da morada, a marcenaria da cozinha comprova tecnicamente que a execução funcionou. “Quando você trabalha com o steel frame, as dimensões do projeto e da obra têm de bater porque tudo é modulado”, ele explica.

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Os armários da cozinha (MC Marcenaria) levam agradável tom verde no laminado que finaliza o compensado. Entre os revestimentos, imperam aqueles fáceis de cuidar, como o piso vinílico da Tarkett (linha Essence) e a pintura (Suvinil, ref. cinza medieval, C400), cuja cor suja menos do que o branco. (Evelyn Müller/Divulgação)

Do ponto de vista emocional, a prova mora no sorriso orgulhoso de Maria Helena ao percorrer com os olhos o lugar onde vive há oito meses. Sem constrangimento, ela diz: “Eu sou e sempre fui dona de casa. E esta é a melhor que já tive. Daqui eu não saio mais”.

Entenda o sistema construtivo

Os principais componentes chegam prontos para a montagem. O custo estimado da estrutura – que inclui limpeza e Regularização do terreno, além de elétrica e hidráulica – foi de R$ 1,5 mil o metro quadrado*

(Ilustração/Campoy Estúdio)

Telhado: o madeiramento de garapeira, apoiado no steel frame, recebeu o forro. As telhas termoacústicas de zinco e alumínio (com recheio de EPS) foram instaladas 30 cm acima dele. Dessa forma, criou-se uma câmara de ar, que melhora o conforto térmico. Chapas perfuradas de compensado naval fecharam o vão.

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Face interna das paredes: o OSB se cobre de gesso acartonado ou, ainda, de placas cimentícias. Neste projeto, essas últimas aparecem onde há encanamento. Por cima vem o revestimento.

Miolo das paredes: ele parece um sanduíche. O recheio, entre duas chapas de OSB de 11 mm (LP Brasil) – que ajudam a travar o steel frame –, é ocupado pelas instalações elétrica e hidráulica, além da lã de pet Isosoft (Trisoft), responsável pelo isolamento termoacústico.

Face externa das paredes: o acabamento se mostra mais complexo: o OSB recebeu a proteção de uma membrana (LP Brasil) que deixa a umidade sair, mas não entrar, e, então, fixaram-se as placas cimentícias (PlacLux) ou as ripas de pínus autoclavado. As chapas ganharam pintura, e a madeira, verniz naval.

Steel frame: elegeu-se um fornecedor (Multiperfil Grasser) que não apenas fabrica os perfis de aço como também os transforma nos painéis de parede. Estes são entregues finalizados, com as aberturas para encaixar janelas, vidros fixos e portas. Tal tecnologia, conhecida como Framecad, ainda faz o cálculo estrutural de cada placa. “Na fase de projeto, é preciso prever os revestimentos, pois um porcelanato e um vinil, por exemplo, têm pesos muito diferentes”, ensina Hélio.

Laje de piso e teto: treliças de aço para laje seca (Multiperfil Grasser), cobertas de chapas de OSB Home de 18 mm, compõem o piso do nível térreo. Sobre essas últimas entraram os pisos: vinílico na cozinha, na sala e nos quartos, e porcelanato nos banheiros.

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Fundação: é do tipo radier, ou seja, laje de concreto armado.

*Valor referente ao ano de 2015

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