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Casa em Curitiba aposta no tijolinho

O plano inicial de erguer um refúgio simples nos arredores de Curitiba se desdobrou neste projeto completo e prático, sob medida para um estilo de vida mais sereno. Distante do trânsito e do agito da capital paranaense, o morador agora tem como companhia o sobrinho, a ampla vista da mata de araucárias, tucanos, macacos, lagartos… e muita paz

Por Texto Joana Baracuhy | Produção Deborah Apsan
Atualizado em 9 set 2021, 14h03 - Publicado em 5 abr 2016, 22h45

Enquanto matutavam uma singela cabana de fim de semana, o arquiteto paranaense Yuri Vasconcelos e o empresário Alexandre Lima faziam incursões frequentes pela chácara recém-comprada por ele. Num desses piqueniques, o proprietário teve o estalo. Acabou se rendendo à beleza natural e à tranquilidade da turística Guajuvira, na região metropolitana de Curitiba, após constatar que poderia percorrer a distância até o centro de carro, em meia hora, por uma estrada impecavelmente asfaltada. Começava aí a elaboração de outro plano. A casa cresceria e ganharia incrementos para acolher com conforto e praticidade seu novo endereço; e dois outros lotes de 5 mil m² se somariam ao existente – garantia de uma verdejante floresta particular (cerca de 70% do total corresponde a área de preservação). “Trata-se de zona rural. Na época, em 2009, não havia água encanada, sinal de celular nem de internet. Foi uma mudança e tanto de rumo”, relata Yuri, munido de carta branca para traçar as linhas da nova proposta desde que observasse as limitações do orçamento. Além dessa, outras máximas guiaram o trabalho: a edificação teria de ser térrea e assentada no solo (para maior contato com o entorno), dotada de grandes aberturas, sem telhado aparente e feita de tijolo. Yuri ainda setorizou ambientes de serviço, íntimos e sociais (alinhados e unidos por um corredor interno e outro externo), em busca de um conjunto com formas puras.

A surpresa veio quando se percebeu que a quantidade necessária do elemento escolhido para colocar de pé o sonho de Alexandre equivalia a uma montanha de tijolos. Os dois pesquisaram nas proximidades até encontrar uma olaria capaz de fornecer de uma só vez todos os blocos de barro. Do tipo mesclado e produzidas numa leva única, as peças exibem variação sutil de tonalidade. “Usamos modelos com dois furos em quase tudo. Apenas nas colunas e quinas eles são diferentes para assegurar o bom acabamento”, explica o arquiteto a respeito da providência que gerou 40% de economia nesse importante item. Inteligentemente empregado, o material reveste a estrutura de concreto e compõe as paredes duplas e ocas que a fecham, fator relevante para sua capacidade de manter o calor ou o frescor (reforçada pela cobertura com ótimo desempenho térmico). “No inverno há dias em que a temperatura lá fora chega a zero e, aqui dentro, faz 20 °C”, atesta Alexandre. Perfeito. Ainda mais porque, depois de terminar a obra, ele acolheu o sobrinho Alexander, hoje com 7 anos, e se sentiu feliz por compartilhar com ele esse jeito mais simples de viver.