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Casa de praia se abre para o jardim

Proporcionar a sensação recorrente de estar ao ar livre é o maior trunfo desta casa, situada perto da vila de Tofo – praia no sudeste de Moçambique, região de clima muito parecido com o do litoral carioca

Por Texto Alma Viviers | Produção Sven Alberding
Atualizado em 9 set 2021, 14h03 - Publicado em 7 abr 2016, 21h00

A paisagem de palmeiras com o mar azul ao fundo pode até parecer brasileira, mas estamos em continente africano. Mais especificamente, nos arredores de uma antiga vila de pescadores chamada Tofo, na província de Inhambane, sudeste de Moçambique. O terreno, no meio de uma espécie de duna guardada por um manguezal, se mostrou perfeito para erguer este retiro de veraneio sonhado pelo casal Hein Scheffer e Casper van der Merwe, sul-africanos de origem holandesa. “Passamos muito tempo planejando não apenas como seria o visual do refúgio mas também a divisão e os ambientes”, conta Casper, arquiteto e autor do desenho. 

Basicamente, o desejo era por uma morada aberta. “Com um clima excelente como o daqui, você quer tirar proveito do exterior. Por isso, imaginamos possibilidades como sair da cama direto para a piscina ou tomar banho ao ar livre”, diz Hein. Casper concorda. “Já havíamos alugado imóveis na região, em geral construções de concreto abarrotadas de coisas, com pé-direito baixo e muitos equipamentos de ar-condicionado. Na contramão disso, criamos espaços livres e a sensação de estar sempre do lado de fora”, complementa ele. 

Para o arquiteto, a inspiração veio da obra de modernistas como Le Corbusier, Mies van der Rohe e Carlo Scarpa. “Amo as linhas simples dos edifícios assinados por eles.” Essa descomplicação transparece no retângulo de alvenaria com colunas de madeira. Em vez de paredes, largos painéis de correr dividem as áreas. Além de proporcionar flexibilidade interna, essa solução escancara os cômodos, maneira natural de controlar o calor. “As portas raramente estão fechadas. Não temos nem ventilador de teto”, celebra Hein. 

Se o traçado nasceu sem dificuldades, a obra se revelou temperamental. O lote arenoso exigiu atenção à fundação de concreto, escavada com profundidade suficiente para acomodar também toda a base da residência. A areia retirada do local voltou compactada com cimento. Uma vez estabilizado, esse alicerce recebeu os pontos de sustentação de cada coluna. O tipo de solo também pediu a perfuração de um poço para viabilizar a permanente irrigação do jardim com gramado e mais de 140 árvores, entre elas cajueiros, flamboyants, amendoeiras-da-praia e resedás. “Calculamos tudo de forma a não sacrificar nenhuma delas”, conta Casper, fiel ao seguinte ensinamento de Mies van der Rohe: “Devemos tentar reunir a natureza, a casa e as pessoas em unidade superior, absorvendo o entorno e tornando seus ocupantes conscientes dele”.

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