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Casa de praia econômica ficou pronta em 8 meses

Assim nasceu a arquitetura: para prover um lugar seco e protegido em meio à natureza, que sabe ser, ao mesmo tempo, bela e hostil. Este projeto em Paraty, RJ, associa essa ideia primordial a questões atuais, como o uso de elementos construtivos leves e o orçamento enxuto. No fim das contas, a morada de 152 m2 custou R$ 228 mil

Por Por Marianne Wenzel (texto) | Projeto Arquipélago Arquitetos (www.arquipelago.co)
Atualizado em 9 set 2021, 13h55 - Publicado em 18 nov 2016, 12h46

O casal já sabia: para construir no sítio, só se fosse com leveza. Localizado a apenas 15 minutos de carro do badalado centro histórico de Paraty, RJ, o lugar está no meio do mato. De lá, não se veem as luzes da cidade, nem mesmo o mar. O celular não funciona, internet muito menos. Barulhos, só os da floresta e os da cachoeira próxima. Donos de um comércio na cidade, os donos buscavam isolamento. 

Conscientes de que o contexto exigiria uma solução inovadora, chegaram a cogitar uma casa-contêiner. Nas conversas com a dupla de arquitetos Luís Tavares e Marinho Velloso (www.arquipelago.co), abriram mão da ideia. “O contêiner se destina a transportar mercadorias, e não a abrigar pessoas. As proporções não funcionam. E trazer uma estrutura dessas até aqui para depois adaptá-la não fazia sentido”, fala Luís. Os sócios, então, explicaram aos clientes que daria para incorporar os mesmos princípios de leveza, racionalidade e economia a uma moradia sob medida para quem iria habitá-la e para aquele lugar especial.

Luís e Marinho inauguraram a parceria ainda no final da graduação na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), quando, sob orientação de Angelo Bucci, integraram a equipe vencedora do prêmio Soluções para Cidades 2012, promovido pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). “Aquele trabalho foi o embrião da nossa pesquisa sobre os sistemas e seus componentes, que passamos a realizar a cada projeto e vamos documentando”, conta Luís.

Nesta proposta, contratada dois anos depois da premiação, a dupla pôde refletir sobre um questionamento que remonta à própria origem da arquitetura: como criar um espaço habitável em meio à natureza? A resposta veio da combinação de saberes essencialmente locais (como os do carpinteiro, autor do esqueleto de madeira) com materiais ultraindustrializados, a exemplo das placas cimentícias e das telhas metálicas. Veio ainda do indispensável estudo do terreno e da orientação para o pavilhão, que pôde voltar a ala social para a melhor vista e para a luz mais privilegiada simplesmente porque, na face oposta – menos ensolarada, e que nessa disposição receberia os quartos – havia grandes rochas. “O sol incide nas pedras e elas refletem a luz e irradiam o calor para dentro dos ambientes, compensando a baixa insolação direta”, justifica Luís. Agrados que a natureza só reserva a quem dedica seu tempo a observá-la,

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