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Reforma integra apartamento de 35 m² no Copan

A atualização trouxe ares contemporâneos à quitinite do prédio projetado por Oscar Niemeyer

Por Cristiane Teixeira
Atualizado em 9 set 2021, 12h41 - Publicado em 20 jul 2017, 17h08

Foi pura coincidência, mas o acaso parece ter trabalhado a favor deste projeto. “Durante a faculdade, eu fiz um estudo profundo sobre o Copan”, conta o arquiteto Alexandre Gervásio, formado em 2012 pela Escola da Cidade, em São Paulo.

Foi assim que o jovem profissional soube que dois dos seis blocos do edifício não seguem o desenho de Oscar Niemeyer. “Eles são formados por apartamentos grandes divididos em unidades menores para facilitar a venda.”

Na hora de dormir, persianas (Casa Renê) escurecem o ambiente e, quando suspensas, não interferem na vista do horizonte através do quadriculado. Sobre a ilha, a luz artificial vem de uma luminária de madeira desenhada pelos arquitetos. (Divulgação/Pedro Napolitano Prata)

E esta quitinete de 35 metros quadrados, comprada por um diretor de fotografia e uma figurinista, tem uma dessas plantas adaptadas. Mas o casal desconhecia toda essa história quando contatou o Grupo Garoa, coletivo de arquitetura do qual Alexandre é um dos quatro sócios.

“Eles estavam procurando ideias de bancada de concreto na internet e acabaram vendo um apê reformado por nós”, lembra o arquiteto. “Gostaram do estilo, acharam que tinha a ver com o deles e quiseram conversar.”

O piso todo é de resina epóxi autonivelante branca (RLX Pinturas). Cabe aos móveis setorizar e multiplicar o espaço: no quarto, a cama box inclui um baú e, no estar, o sofá vira cama de casal. (Divulgação/Pedro Napolitano Prata)

O fato de o grupo ter por hábito responder pela execução da obra também pesou a favor. Os clientes, moradores de um apartamento espaçoso, apostaram na quitinete como investimento, um imóvel a ser alugado a turistas. Com planos de viver nos Estados Unidos por um tempo, eles também previram se hospedar no famoso cartão-postal paulistano em suas rápidas vindas ao Brasil com os três filhos pequenos.

Os arquitetos abriram mão de embutir um nicho nesta parede pois temiam que os blocos de concreto celular não fossem resistentes o suficiente. A tinta no tom cinza-chumbo (Coral, ref. Trovão Negro) realça a bancada de concreto que se estende até o boxe, onde forma um banco. Ralo linear da Strake Inox. (Divulgação/Pedro Napolitano Prata)

Daí a necessidade de criar um ambiente onde tudo fosse integrado e com design contemporâneo, como gostam. As mudanças já tinham sinal verde do casal quando o quarteto surgiu com outras ideias. “A gente acha importante mostrar todo o potencial de um espaço. E, neste caso, ainda dava para aprimorar. Por isso a nova versão, que acabou sendo a final”, diz Alexandre.

Se antes as paredes vestiriam-se de pínus, no layout definitivo esse material deu forma a um grande painel que ampara a TV e camufla as portas de pequenos armários.

Um misto de painel e armário de pínus ocupa esta superfície inteira. Projetada pelos arquitetos e realizada pela Távola Redonda, a marcenaria tem 38 cm de profundidade e nichos de formatos variados pintados internamente de preto, assim como a porta da quitinete, na mesma extensão. Alexandre Gervásio explica: “A profundidade é suficiente para guardar camisetas dobradas e para uns 12 cabides. Era o máximo que podíamos avançar sem atrapalhar a circulação nem encostar a cama na outra parede”. O recurso serviu ainda para esconder a fiação e as novas tomadas, já que a divisória de concreto não permitiu embutir conduítes. (Divulgação/Pedro Napolitano Prata)

Caixilhos de vidro com apenas duas partes móveis fechavam a área ocupada por quarto e sala, situação melhorada com a substituição desse conjunto por portas envidraçadas que correm para os dois lados e se estendem até o fim da cozinha – as antigas paredes ali foram ao chão.

A estrutura existente dificultou a alteração dos pontos de água e esgoto na cozinha – a solução foi passar as tubulações pela base do gabinete suspenso. (Divulgação/Pedro Napolitano Prata)

De uma só vez, o interior conquistou luminosidadeventilação e amplitude. “Como a fachada leva cobogós, quem olha de fora não percebe essas modificações. As intervenções não agridem o edifício.”

A cozinha permanece no lugar original, porém aberta e com uma bancada do tipo ilha, acessada pelos dois lados. No banheiro, o boxe cresceu, enquanto vaso e pia mudaram de posição. Área: 35 m²; gerenciamento da obra: Grupo Garoa; obra civil e concreto: Adilon Alves Ferreira; ar condicionado: Ar-Com; instalações elétricas: Francisco Viana. (Ilustração/Campoy Estúdio)
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